segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Gatunos explorados

Acho indecente !

Noticiaram os jornais que os “amigos do alheio” andaram especialmente activos nas noites de consoada e de Natal, assaltando casas onde não se encontravam os seus proprietários.

Não acho indecentes os assaltos em si: dentro do espírito das actuais leis penais pelas quais o nosso pundoroso governo se tem tão nobremente batido, não posso deixar de considerar que os pobres assaltantes são vítimas de uma sociedade que nunca lhes deu oportunidades, nasceram num bairro de lata, o pai foi preso por ter “feito” umas poucas de carteiras, a mãe, coitada, é melhor nem falar, a bem dizer nós é que somos os culpados dos crimes dos rapazes...

O que eu acho realmente indecente é que os moços sejam obrigados a trabalhar em dias feriados e santos de guarda, sem direito a descanso e estando em dúvida mesmo o pagamento de horas “extraordinárias”.


E acho mal também a polícia andar a persegui-los, enquanto os “colegas” da banca e da alta finança roubam milhões e são presença assídua nas festas da beautiful people, sem ninguém os incomodar.

Ou há moralidade ou comem todos !


Gatunos de todo o mundo, uni-vos !


Isto é ou não um Estado de Direito ????

Roubar, sim, claro, mas com remuneração e condições de trabalho dignas !

Come With Me



Anda comigo, irmão.
Vamos descobrir até onde vão os nossos limites.
Ao som da excelente música de Graham Nash.
Clique para ouvir.

sábado, 27 de dezembro de 2008

A galinha e o equívoco

Gosto de cozinhar, acho que numa encarnação anterior devo ter sido cozinheiro.

A minha história é clássica.

Durante mais de 40 anos a culinária foi para mim um mistério.

Um dia deu-me para perguntar à Senhora minha Mãe como é que se fazia a bela feijoada que se comia em casa de meus pais.

Ela olhou-me algo duvidosa e começou a explicar, mas eu pedi-lhe uma curtíssima dilação para pegar numa caneta e num papel – e comecei a escrever as suas sábias palavras.

Nesse dia logo que cheguei a casa sentei-me ao computador e registei religiosamente as indicações da minha progenitora.

Assim nasceu a minha primeira receita informatizada.

O resto (não é para me gabar) é uma história de sucesso: comecei a confeccionar pratos e mais pratos e alarguei o meu reportório culinário ao caril, ao arroz malandro, ao arroz de marisco, à sopa de legumes, ao peixe assado no forno, ao frango assado no forno, ao polvo cozido e em vinagrete, etc..

Hoje sou um cozinheiro cheio de pergaminhos – li há uns tempos numa revista qualquer que os homens que sabem cozinhar e usam a cozinha para cativar pessoas são hoje qualificados de “gastrosexuais”.

Pois bem, assumo: sou um gastrosexual !

No exercício de tais funções, dirigi-me aqui há dias a um supermercado onde fiz diversas compras, entre as quais... uma galinha, pensando que era um frango.

Hoje assei o “frango/galinha” no forno.

Desastre !

Catástrofe !

Miséria !

A estúpida da galinha estava dura como cornos e era preciso ter dentes serrilhados para a conseguir comer.

Ficou para a gatinha – a minha fiel Tareca adora algumas das minhas facetas culinárias, exactamente aquelas que para mim são menos compensadoras – tem dentes serrilhados...

A minha Mulher nem tocou na galinha e eu não a posso censurar por isso.

O sacrista do puto claro que preferiu pizza.

Ó vã glória efémera, ó vã cobiça !

Apesar de tantos e tais pergaminhos, gastrosexual embora, sou um candidato ao desemprego !

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Mensagens de Natal - lógica da batata

Recebi centenas de mensagens de e-mail e umas dezenas largas de SMSs a desejarem-me um feliz Natal e um próspero Ano Novo.
Com tanta gente a fazer força, desconfio que nem o Pai Natal nem mesmo Deus Nosso Senhor terão a distinta lata de fazer a desfeita a tão acrisolados votos.
Razões de sobra, portanto, para acreditar que vou ter um feliz Natal e um próspero Ano Novo.
Dir-me-ão que isto é a lógica da batata - mas se ela impera urbi et orbi, porque é que a minha batata há-de ser menos que as outras ?

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Solstício de Inverno


O Natal é a festa do solstício de Inverno, que se faz desde muito antes do nascimento de Cristo.
Para aqueles que, como eu, tentam viver essa festa pagã com o espírito dos agnósticos, a questão fundamental é conviver um pouco com a família e papar as iguarias gastronómicas adequadas à quadra.
Sem falar nas prendas, que frequentemente são uma seca mas que volta e meia surpreendem pela excelência.

Saudemos o novo ano que está aí a rebentar.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Relendo Steven Saylor

É um gosto reler este autor, que se está a tornar num clássico.
As descrições cheias de imaginação que faz da Roma clássica, as análises dos personagens, tudo repassado de uma sólida cultura clássica, levam a que se leia Steven Saylor com uma atenção especial.
Volta e meia faz uma alusão vaga que pressupõe que o leitor também tem alguma cultura – por exemplo, uma referência quase irrelevante de uma certa Clódia ao “tempo das Sabinas” pode levar à conclusão sobre o tipo de família patrícia a que pertence (in casu, é descendente do ramo dos Cláudios que por razões de conveniência política fizeram o nome reverter para Clódio – só a história destes Cláudios dava para um volume interessante e prenhe de detalhes).
Saylor descreve-nos uma sociedade em que os muito ricos convivem com os remediados e todos com a pobreza extrema e principalmente com o fenómeno da escravatura.
No “Lance de Vénus” descreve-se um panorama em que os escravos estavam muito baratos e eram tratados como coisas mais ou menos rentáveis: se um escravo ficasse doente mais valia deixá-lo morrer e comprar outro...
Se um escravo por mero acidente presenciasse uma cena incómoda para o dono, este poderia livrar-se dele e vendê-lo para as minas – ser escravo numa mina era o penúltimo degrau da escravatura, onde a morte prematura e rápida era uma quase certeza – o último degrau era, decerto já o adivinhou, ser escravo nas galés.
Saylor desenvolve um enredo em que uma capitosa Clódia, sensual, provocadora e... rica, resolve empregar os seus dotes de deusa erótica no bom do Gordiano, detective de meia idade, casado e pai de filhos, que fica derreado cada vez que a outra o envolve no seu perfume.
Convenhamos que não devia ser brinquedo enfrentar os ataques erotico-punitivos da bela patrícia e ao mesmo tempo desvendar o crime em que ela parece estar envolvida.

Grécia

Polícia de Atenas
vê-se grega
para controlar as multidões
de jovens em fúria.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ódios de estimação

Nunca gostei de Frank Sinatra.
Não gostei da sua música, nunca gostei da sua imagem, detesto os postulados implícitos do seu discurso marialva de “self made man” e sinto pele de galinha pela tradução política dos valores que parece defender (que coloco na ultra-extrema-hiper-direita).
As poucas músicas que conheço dele (poucas, porque a maior parte delas entrou-me por um ouvido e saiu-me por outro) – de onde sobressai o incontornável “My way” - parecem-me um produto bem acabado de “showbiz” à americana.
É sem dúvida um produto bem acabado, mas no seu conteúdo tem menos autenticidade que as modinhas meio foleiras que os/as cantores/as pimbas debitam nas festas populares de meios provincianos.
O leitor ou a leitora têm dúvidas sobre tal afirmação ?
Então peguem no “My way”, traduzam aquilo e vejam qual é o resultado líquido daquele discurso.
Aquilo que lá se diz, descodificado é que “sou o maior porque faço o meu caminho à minha maneira”.
Ora meus caros leitores, todos nós fazemos o nosso caminho... à nossa maneira – se é por isso, somos todos, sem excepção, os maiores, tanto como o Frank Sinatra.
Musicalmente, o produto é menor, se comparado com aquilo que produziram outros norte-americanos contemporâneos de Sinatra, como Bob Dylan, Jimi Hendrix, Elvis Presley (este também bastante na linha do “showbiz”), Carlos Santana, Paul Simon e tantos outros como Crosby Stills Nash & Young.
Decididamente, a música de Sinatra não tem qualidade que se compare.
Foleiro por foleiro, prefiro a música pimba cá do burgo.
Aqui há tempos, estava eu a jantar alegremente num restaurante do Litoral alentejano, em S. Torpes, e começa a ouvir-se uma canção qualquer do Sinatra; não resisti: prevalecendo-me do facto de ser cliente e conhecido há muitos anos, chamei a empregada-chefe e perguntei-lhe se era possível tirar o Sinatra e... pôr música.
Ela respondeu-me com um sorriso de orelha a orelha - e pôs música !
Acho que também não simpatiza com ele.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Treetop Flyer

Há muitos anos que Stephen Stills é um dos meus heróis musicais.

Depois de ter militado nos fantásticos “Crosby, Stills & Nash”, mais tarde com Neil Young (também ele um ícone incontornável), Stephens Stills fez música de alta qualidade, de que destaco o duplo álbum “Manassas”.

Ultimamente deparei com uma nova canção dele, daquelas marcantes: o “treetop flyer”, tocado em afinação “Bensusan” (DADGAD), que é um espanto de equilíbrio e balanço.

Et voilá:





sábado, 6 de dezembro de 2008

Silent guitar


Ladies and gentlemen,
Isto é que é uma silent guitar: uma guitarra feita através de alta tecnologia.
A Yamaha esmerou-se: o som é excelente, o braço é muito bom, os carrilhões são de alta qualidade; quando o som é enviado para um bom amplificador o efeito é surpreendente; podemos ter a sensação de estar a tocar numa catedral como podemos ter a sensação mais roqueira possível, ou ainda a sensação de estar a tocar em estúdio, dependendo dos registos em que a vamos tocando.
À semelhança do que já tinha feito com outras violas, em colaboração com o senhor meu irmão, que é jeitoso de mãos e sabe trabalhar com ferramenta a sério, coloquei-lhe uma nova “pestana” em cima (costumam chamar-lhe “cavalete”, mas eu desde jovem que lhe chamo pestana, provavelmente por influência dalgum amigo tão ignorante como eu, e já me habituei).
Com a mudança da pestana as cordas ficaram muito próximas da escala, o que facilita a acção do guitarrista – como diz um amigo meu, as minhas violas são todas “quitadas”.
Uma viola destas é um desafio: quando se lhe pega, ela envia ao guitarrista aquela mensagem íntima dos bons instrumentos, tipo “vê lá se tocas alguma coisa de jeito porque o material é de primeira, não tens desculpa”.
É levíssima, não tem caixa, praticamente a viola é o braço, o resto é fibra a imitar a forma do corpo de uma viola de caixa.
Por enquanto limito-me a explorar as possibilidades da guitarra – mais tarde pensarei noutros vôos.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Violência doméstica e familiar

A propósito de um oportuno post do blog Anónimo, aqui vai um comentário sobre o tema:

Acho muitíssimo oportuno que o tema seja debatido e repensado, pois a violência doméstica é um dos problemas recorrentes de uma sociedade em perda acentuada de valores.
A partir dos anos sessenta/setenta do séc. passado, em especial nas camadas da população menos idosa foi-se implantando a ideia de que bater na mulher era não só estúpido e inadequado como uma autêntica desonra para qualquer marido.
Com a mentalidade estruturada nessa época e neste aspecto não precisando de qualquer revisão, continuo a pensar sem sombra de dúvida que bater na mulher é estúpido, idiota, inadequado – e sim, é mesmo uma autêntica desonra para qualquer homem que se preze.
Há que acentuar isso.
Trabalhei num tribunal de família e conheci bem o fenómeno da violência doméstica – é um flagelo e abrange todas as zonas da sociedade, desde o trolha que chega a casa bêbado e bate na mulher porque lhe dá gosto bater “naquilo que é dele”, até ao empresário topo-da-gama que aparece nas revistas cor de rosa e nas recepções da moda, que usa e abusa do seu poder e chega também à agressão física da mulher e dos filhos (e garanto que não estou a fazer uma suposição, estou a falar de casos concretos que conheci), passando por todos os outros escalões da sociedade.
É uma vergonha e chega a ser vexatório para mim, como homem, ver outros homens a tomarem posições mais ou menos irónicas e quase sempre marialvas e machistas, sobre a violência, mostrando bem a sua má formação e o seu mau carácter.
É altura de tomar uma atitude colectiva contra essa barbárie que tem vindo a aumentar nos últimos anos.
Aqui deixo algumas sugestões no sentido de serem reflectidas pelos leitores:
1.O crime de ofensas corporais em ambiente familiar e dentro de casa deve assumir as características de crime público (não sei se é ou não, sei que houve polémica sobre isso).
2. Toda e qualquer autoridade policial ou judiciária que no exercício das suas funções deparar com esse tipo de ilícito deve participar a situação ao Ministério Público com vista à propositura da respectiva acção penal.
3.Essa obrigação verifica-se em todas as áreas e jurisdições: cível, criminal, laboral, administrativa, constitucional, etc.
4.A reincidência nesse crime deve sempre ser punida com pena de prisão efectiva, sempre e expressamente sem haver lugar à suspensão da pena ou à sua redução.
5.A pena a aplicar deve obrigatoriamente contemplar um período de observação e diagnóstico por técnicos de segurança social no período da prisão e no período imediatamente subsequente, com vista à adopção de medidas preventivas do cometimento de novos crimes.
Talvez assim se controle um pouco melhor as verdadeiras bestas quadradas que alguns homens trazem dentro de si.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Parar para pensar



Quando iniciei este blog estava cativado pela ideia aparentemente simples de poder debater coisas interessantes sem ter que dar às afirmações o peso (ou a falta dele) da identidade de cada um.

Como outra ideia central era a leitura de livros e o debate sobre eles, e como uma das obras literárias que mais me marcou foi o “Cem Anos de Solidão”, em homenagem ao grande GGMarquez adoptei o nick de “100anos”.

Volvidos uns poucos de anos, o panorama mudou totalmente e os dados de análise encontram-se substancialmente alterados:

O anonimato deixou de ser uma forma simpática de alguém se apresentar sob um nick dizendo coisas inteligíveis/inteligentes e passou a ser uma capa espessa destinada a esconder a identidade de quem faz afirmações temerárias e por vezes soezes e insultuosas.

A troca de ideias sem troca de identidades começou a mostrar-se cada vez mais precária – em vez de dialogarmos com uma pessoa passamos a dialogar com o estereotipo que construímos de uma série de pessoas.

Os conteúdos andam cada vez mais pobres e desinteressantes.

Andamos todos cinzentos.

A blogosfera está cada vez menos interessante - o comentador Pacheco Pereira exagera a severidade do seu juízo sobre os blogs, mas não deixa de ter uma ponta de razão quando defende que boa parte do que se escreve na blogosfera merece ir directamente para o lixo.

Por tudo isso justifica-se uma cautela mínima: parar para pensar.

É o que vou fazer, esperando que as minhas meninges não entrem em curto-circuito.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Aviso


Apanhei esta na net:

"Devido às quebras de bancos, queda nas bolsas, cortes no orçamento, à crise nos combustíveis e pelo racionamento mundial de energia, informamos que a famosa "luz ao fundo do túnel" está temporariamente desligada"

Comentário: pessoalmente, há muito que a vejo "por um canudo".

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A eleição de Obama

Uma das notas que para mim parece mais saliente na eleição de Obama tem sido muito pouco tocada, surpreendentemente: o povo norte-americano (sim, norte-americano e não simplesmente americano, pois povos americanos há muitos e variados e nem todos gostam de ser confundidos com os discípulos do Tio Sam) mostrou que é adulto e tem memória, coisa que os povos europeus têm grande dificuldade em mostrar.
E mostrou que é adulto e tem memória porque claramente que não perdoou ao presidente cessante a tremenda aldrabice em que fundou a sua iniciativa de invadir o Iraque e afundar os States numa guerra mais funesta que a do Vietnam.
Os norte-americanos sabem hoje que foram aldrabados com todas as letras e não perdoaram isso a um republicano, como não perdoariam a um democrata ou a qualquer outro cidadão de qualquer outra tipologia política.
Os meus caros leitores lembram-se que em Portugal o candidato do PS às legislativas prometeu que não ia aumentar impostos ? E lembram-se certamente que depois, com base num relatório do Banco de Portugal feito à medida pelo amigão que lá está, o governo subiu drasticamente os impostos, fazendo ipsis verbis aquilo que expressamente se tinha comprometido a não fazer ?
Bom – e agora digam-me: quem é que se lembra disso e quem é que vai penalizar aqueles meninos em sede de eleições pela aldrabice ?
Quantos portugueses lêem jornais ?
E desses, quantos determinam a sua opção eleitoral por aquilo que lêem ?
Pouquíssimos, diria eu.
A esmagadora maioria dos nossos concidadãos tem a cabecinha formatada pelas televisões e as televisões obedecem a lógicas de poder económico/político que pouco têm a ver com informação, tendo muito mais a ver com propaganda.
E parece que por essa Europa fora o panorama é semelhante.
É nisso que os norte-americanos são diferentes: são mais adultos, têm mais memória - refiro-me, naturalmente, aos 52% que votaram Obama, os 47% que apesar de tudo votaram republicano são para esquecer.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

A touch of country western


Nunca fez mal a ninguém

Se quiser confirmar, clique aqui.

That's better

Tenho reparado que há uma série de blogs (incluindo este) que são demasiado pesados e levam muito tempo a carregar.
Ora é possível evitar isso sem perda de qualidade do que se quer blogar, evitando ao visitante a "seca" de ficar à espera um tempo exagerado enquanto a página carrega.
Por isso estou empenhado no emagrecimento do blog, operação que comecei a executar hoje mesmo.
(A gatinha da foto é a minha fiel Tareca a fazer uma carita pouco entusiasmada com a dieta escolhida - a vida de gato nem sempre é fácil).

domingo, 19 de outubro de 2008

Steven Saylor

Recomecei a lê-lo - "Sangue Romano", que pelo que leio, deve ser o primeiro do autor sobre Roma e os romanos.
Vamos conhecer Gordiano ainda na força da vida e Cícero a dar os primeiros passos como advogado, ponderando sempre se vale mais a pena dizer a verdade ou fabricar uma aldrabice (neste particular, pouca coisa mudou desde os tempos da Roma clássica até aos tempos actuais).
Encontramos também a Roma das vielas esconsas onde é sempre possível encontrar uma prostituta à medida dos desejos e das bolsas da vasta clientela - Roma era então o centro do mundo dito civilizado, cidade de políticos e de fazedores e desfazedores de impérios.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Woody Allen, Wagner e a Polónia


Não posso ouvir Wagner durante muito tempo.
Dá-me uma vontade irreprimível de invadir a Polónia !

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Sei-te de cor





Amor,

sei-te
de cor

(a prova é este mandala aqui ao lado, que combina o afecto e a compaixão à complexidade das coisas - tal como tu).

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

e=mc2 X 0,0000000001

Ter amigos é bom, é saudável.

Ter muitos amigos é muito bom e muito saudável.
Tenho essa felicidade de ter muitos amigos.
Porém, volta e meia essa felicidade vira-se contra mim.
Tenho uma amiga, a I...(nome à escolha – Isabel, Isoleta, Ilda), que durante muitos anos resistiu à magia da cibernética; a boa da I... finalmente rendeu-se há pouco tempo às delícias da informática de rede e da rede das redes !
Quem se tramou fomos nós, amigos dela.
Passei a receber diariamente toneladas de “curiosidades” cibernéticas, daquelas que há 10 anos infestam a net, desde os “hoaxes” mais bárbaros e evidentes até àqueles PPSs débeis mentais em que se ensina meticulosamente qualquer um a executar tarefas dificílimas, como comer fruta, descascar uma batata ou ouvir uma sinfonia clássica para violino, piano e orquestra.
Pior que tudo, a excelente rapariga envia ficheiros de 4, 5 e mais Megas, enchendo-me a caixa de correio com inutilidades pesadas cujo destino é a imediata reciclagem.
O desespero leva-me a formular uma lei, que se poderá chamar a
1ª Lei de Cem Anos
: a paciência de cada um varia na proporção inversa do volume dos ficheiros recebidos dos amigos pela net (não divulguem, pf, enquanto eu não registar a patente).

Fórmula matemática – e=mc2 X 0,0000000001 , sendo e a paciência e mc2 o volume dos ficheiros recebidos, que será multiplicado por um factor negativo.

Mas o que mais me entristece e desespera é a constatação de que logo que a "I" cresça um bocado em termos cibernéticos e comece a compreender a inutilidade dos seus envios, logo outra qualquer "I" aparecerá, fresquinha e louçã, neófita e práfrentex, que retomará o incessante envio de Megas e Megas de inutilidades; volta tudo ao princípio, desmentindo categoricamente a Lei de Lavoisier (tudo se transforma, o tanas !, no caso vertente tudo fica igual... para pior).

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Answer

Uma canção linda de Sarah Mclachlan que descobri no blog da minha amiga Ni.

Não há dúvidas de que a bela Sarah tem algumas respostas...

domingo, 5 de outubro de 2008

Nova viola, nova amante

A viola que se vê nas figuras é uma “Esteve” fabricada em Valência por um senhor chamado Adalid; comprei-a e mandei logo fazer a adaptação para electro-acústica, tem um som dos diabos, especialmente quando ligada a um bom amplificador.
Comprar uma viola nova é uma operação complexa e sempre com consequências.
Primeiro há a fase do encantamento: pegar na viola, tocá-la e concluir que ela toca espectacularmente.
Depois é a fase complicada do preço – o meu problema como guitarrista é que sou mau comprador, parece-me sempre que a viola vale bem o que me pedem por ela e se calhar muito mais...
Depois é chegar com ela a casa e verificar que as outras violas que lá estão parecem estar a olhar para mim com uma muda censura, quais amantes ciosas de atenções que não recebem.
Tenho em casa oito violas, todas boas e funcionais.
Começo agora a aprender que todas elas têm o seu lugar – principalmente quando se grava um disco essa realidade entra-nos pelos olhos dentro.

De volta



Yes, fui dar uma volta completa ao bilhar grande e estou de volta.

Vi coisas giras e outras nem por isso.

Mas principalmente tive tempo para pensar.

A intervenção cívica através da blogosfera tem as suas virtudes mas tem igualmente muitos espinhos e, principalmente, absorve muito do nosso tempo e da nossa disponibilidade.

Na verdade, não há interesse numa intervenção "morna", a intervenção deve atingir uma certa massa crítica em qualidade e para atingir e manter essa massa crítica é preciso muito "crânio" e muita disponibilidade.

Há cerca de um ano e meio debati-me com um problema de prioridades: a minha evolução musical (fundamentalmente guitarrística) chegou a um determinado patamar e parou aí; para o ultrapassar era necessário um investimento em estudo e prática que envolvia uma tremenda disponibilidade – é a única forma de passar do patamar da vulgaridade para alcançar o nível dos “pros”.

Tocar viola só começa a ser compensador quando se consegue pegar numa viola e em poucos minutos deixar um auditório de boca aberta – tocar do princípio ao fim (e com “alma”) melodias como o “Classical Gas”, o “The Sage”, o Prelúdio em Lá menor de Badenpowell, as canções de Fernando Sôr e uma ou duas melodias da nossa própria lavra.

Escolhi a viola, claro, e deixei a blogosfera e muitas outras coisas para trás.

Foi um tempo de pesquisa e de aperfeiçoamento muito engraçado – meto-me nestas coisas a meias com o meu irmão, que também toca viola e que também anda sempre a descobrir coisas novas, mas não temos mestres nem sequer um programa escrito da nossa evolução, só damos por ela quando subitamente nos damos conta de que já estamos a tocar razoavelmente uma coisa que andámos 30 anos a tocar sofrivelmente..

Bem... um ano e meio e três violas e dois discos depois, cá estou.

Claro, e como sempre, a gravar um novo disco em estúdio.

Deve estar pronto lá para Dezembro

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O menino de Cabul


"O menino de Cabul" é o título em português da bela obra "The kite runner" e o seu autor é Khaled Hosseini.

Um livro em que uma impressionante delicadeza de sentimentos convive com a brutalidade da guerra e com a desumanidade dos seus senhores.

É um hino à amizade e simultaneamente uma confissão da nossa pobre condição humana.

A não perder.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Com o preço da gasolina

Até se justifica a gente optar pelo Classical Gas



Pouca gente sabe que o nome primitivo desta canção escrita por Mason Wiliams era mesmo "Classical Gasoline"; o Gasoline foi depois reduzido para Gas.
O Eric Clapton tem uma versão muito bonita da canção - pode-se ver/ouvir aqui.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Rio das Flores


Apesar de ter gostado do "Equador", não sei porquê não tinha "fèzada" nenhuma no "Rio das Flores".
Sou amigo do Miguel Sousa Tavares há muitos anos, desde jovem - talvez por isso sempre lhe achei alguma piada mesmo quando discordava veementemente das suas opiniões.
Volta e meia "tropeça" nas suas crónicas com os seus ódios de estimação e lá sai arcabuzada, mas no essencial o Miguel é um tipo honesto - por vezes algo pedante, mas sério, é um tipo que acredita sinceramente no que diz, embora acredite em algumas milongas mais frequentemente do que seria desejável.
Voltando à vaca fria (esta podia ter saído em qualquer altura no "Rio das Flores"), o novo romance de MST está-me a surpreender pela positiva.
Há muita sabedoria acumulada na forma como ele descreve a lenta e segura ascenção da ditadura salazarista; e há muito saber de ciência feito na forma como explica aos seus leitores os escaninhos da alma alentejana.
Parabéns, Miguel.
Ainda consegues surpreender.