segunda-feira, 29 de junho de 2009

A transparência - 5 anos depois

Isto começa mal.
Portal para a transparência das obras públicas adjudicado sem concurso.

O mais significativo é que em final de legislatura é um contra senso uma iniciativa para a transparência da coisa pública.
Cheira por todos os lados a "golpada" - dá a ideia de que o governo está a espera de perder as eleições legislativas e se prepara para armadilhar o terreno ao governo que se lhe seguirá.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Estatísticas e falta de vergonha

Hoje fomos bombardeados pelas TVs muito felizes por um departamento qualquer europeu ter concluído que a sinistralidade automóvel desceu substancialmente em Portugal.
É um sucesso estatístico, nada mais.
De facto, nessa estatística entram aleatoriamente os mortos que acabam por falecer no hospital, ou melhor, muitos não chegam a entrar.
Explico:
Segundo o Instituto de Medicina Legal, o número de vítimas mortais da estrada é 40% superior às estatísticas apresentadas pelo governo. O não reconhecimento público deste morticínio só aproveita ao MAI, que assim não tem de se maçar a resolvê-lo. Os custos, esses, são pagos pelas famílias das vítimas e por todos nós, contribuintes e concidadãos.
O Governo prometeu que iria passar a contabilizar as vítimas mortais em 2010. Esperemos que sim. Entretanto, não devemos esquecer o seguinte:
Em 2001, o governo português, em vez de começar a fazer nessa altura o registo das vítimas a trinta dias, optou por alterar a forma de cálculo da taxa de agravamento para efeitos de comparação pelo Eurostat, reduzindo, através desta manobra de secretaria, o número calculado destas vítimas para metade (de 1.30 para 1.14). Mas a melhoria do socorro às vítimas da estrada tem levado a que a estabilização dos feridos muito graves prolongue os seus sinais vitais para além da chegada ao hospital, fazendo que o número de vítimas a trinta dias tenha aumentado em vez de diminuir:
- segundo o Instituto de Medicina Legal, estas representam 1.40 a nível nacional;
- segundo a Brigada de Investigação Criminal da PSP, estas representam 1.70 em Lisboa (compreende-se: o socorro é, claro, mais eficiente na capital do que em muitas zonas do país).
Prova, afinal, que não é boa ideia brincar à magia com os números da sinistralidade rodoviária.
Vide texto completo no site da Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados.

E esta ?
Depois de uma estória muito mal contada sobre o desaparecimento de uns milhares de desempregados nas estatísticas, agora assistimos ao desaparecimento estatístico dos mortos em acidentes de viação.
Continuamos sem saber exactamente quantas pessoas morreram em acidentes de automóvel, pois até com os mortos a central de propaganda governamental funciona.
Isto tem um nome: chama-se desonestidade.

sábado, 20 de junho de 2009

Desse ponto de vista...


Quando uma pessoa fala na TV para milhões de potenciais telespectadores deve tomar um mínimo de cuidado na forma como se exprime.
Este cidadão da foto, Luís Delgado de seu nome, acaba de dizer num programa da SIC umas 30.000 vezes a expressão "desse ponto de vista" que obviamente não tinha ponto de vista nenhum.
Desse ponto de vista eu acho que ele perdeu uma boa ocasião de estar calado.
Desse, ou de qualquer outro ponto de vista.

A loira do regime


É sabido que as pessoas têm tendência a esconjurar os seus pecados e a acusar os outros daquilo que pensam ser os seus próprios piores defeitos.
É por isso que o ladrão passa a vida a clamar que foi roubado e que o vigarista garante repetidamente que foi enganado.

Quando Luís Filipe Menezes afirma que Pacheco Pereira é a loira do regime, ele revela a sua insegurança - o seu problema maior é ser considerado estúpido (que aliás não é) - vai daí imputa aos cidadãos que detesta os defeitos que compõem os seus piores pesadelos.

Insinuar que Pacheco Pereira é pouco inteligente é de uma indigência mental que até dói.

Este homem está a precisar de umas consultas de psicanálise - não sendo estúpido, comporta-se como tal.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

As aventuras da Tareca (2)


A Tareca era uma gatinha minúscula, era difícil reconhecer personalidade e individualidade àquela coisita tão pequena.
Um dia fez uma asneira qualquer e eu desatei a ralhar com ela.
Qual não é o meu espanto quando a gatinha se vira para mim e me dá uma espécie de rosnadela, que devidamente traduzida significaria “vai chatear o Camões” !
Foi quando eu compreendi que a Tareca tinha mau feitio.
Mais ou menos por essa altura compreendi outra coisa: quando a gatinha fazia disparate grosso, a primeira coisa que fazia era raspar-se que nem um relâmpago.
Um dia apercebi-me de um rasto cinzento que parecia voar baixinho – logo a seguir ouvi o barulho de uma cadeira a cair – tinha sido a Tareca que se empoleirou numa cadeira, mas na cadeira estava pendurado um casaco pesado, alterando drasticamente o seu centro de gravidade – logo que se apercebeu que a cadeira ia cair, a gatinha pisgou-se com a velocidade de um raio e já estava noutro sítio qualquer no momento da queda.
Hoje, com cerca de 7 anos, a gatinha Tareca é uma adulta, ainda meio desvairada mas já com uma noção da sensatez de uma felina que se respeita.

As aventuras da Tareca





A Tareca é uma gatinha tigrada muito personalizada que um dia me apareceu em casa, ao colo do meu filhote – na altura era uma gatinha bébé e ficou “à experiência” depois de uma difícil negociação com os poderes constituídos.

Nunca gostei especialmente de gatos, mas a gatinha minúscula (menos de um palmo de comprimento) encarregou-se rapidamente de conquistar o seu espaço e, de caminho, de nos conquistar a todos, com as suas momices, tonterias, correrias – e um ronronar sonoro e incongruente com um corpinho tão pequeno.

Aqui estão duas fotografias de sua excelência.

Tenciono ir contando alguns episódios tarequianos à medida que o tempo e o engenho me permitirem.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

A Gota de Ran Tan Plan





Um blog muito interessante, onde se fala de gatos e de afectos, entre outras coisas igualmente interessantes – a Gota de Ran Tan Plan.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Abstenção – um pouco de respeito, se faz favor

Está-me a “incomodar a molécula” a forma desrespeitosa como a abstenção eleitoral tem vindo a ser encarada.

Alguns patetas alegres culpam os eleitores abstencionistas e cobrem-nos de processos de intenções, começando, naturalmente, pela violação dos deveres cívicos.

Vamos lá assentar uma ou duas ideias:

Em democracia o eleitor tem sempre razão.

Se o eleitor não quer votar, a “culpa” é do sistema político que não lhe diz nada ou lhe diz muito pouco – é, em última análise, da classe política que não soube criar um sistema apelativo ou que deixou o sistema abastardar-se de tal forma que uma grossa fatia dos eleitores nem lhe dá confiança sequer para ir votar branco.

Quando um governo deixa uma série de portugueses na penúria (agricultores, por exemplo), alegando que não há dinheiro, mas depois rapidamente desencanta uns milhares de milhões de euros para salvar um Banco da bancarrota, está tudo dito sobre as prioridades dessa gente.

Quando um partido se candidata a eleições legislativas prometendo um referendo sobre a Europa mas depois olimpicamente defende que não deve haver referendo porque os eleitores não percebem os tratados internacionais, está tudo explicado sobre a seriedade e honorabilidade desses tipos.

Quando um parlamento composto por mais de 300 deputados aprova uma lei iníqua de financiamento partidário com 1 abstenção e 1 voto contra, começa a compreender-se o que é que os faz correr – e não são seguramente preocupações com as pessoas.

Portanto, das duas uma: ou a classe política assume mais honestidade e seriedade na política, ou a abstenção há-de chegar aos 90%.

Ou a comunicação social deixa de confundir informação com propaganda ou as pessoas deixam de ler jornais – continuam a ver telejornais em jeito de quem vê filmes de terror, mas estão-se nas tintas para a informação que já sabem que está viciada à partida.

As pessoas interessam-se pelas coisas que para elas têm um significado – se a política se torna num jogo de manobras, numa série de golpes publicitários, torna-se igual a um sabonete ou a um desodorizante mais ou menos publicitado – vale zero.

Procurem aí as causas da abstenção.

E façam o favor de respeitar os abstencionistas – podem começar por actualizar os cadernos eleitorais, para acabar com a abstenção fantasma.

domingo, 14 de junho de 2009

Certificação de “software”

Parece que o Ministério das Obras Públicas exige para os seus sistemas informáticos a certificação de “software”.
Seria conveniente que o titular da justiça (caso exista) pergunte ao seu colega das obras públicas afinal de contas o que é isso da certificação de “software”.
Adenda:
Convinha que o titular da pasta da justiça (caso exista) compreenda que:
A certificação de software não é uma cabala ou campanha negra inventada para denegrir o bem imaginado e valoroso software “Habilus” e “Citius” criado pelo ministério da justiça.
A certificação de software não visa abater o PS ou caluniar Sócrates.
A certificação de software é, como o nome indica, um sistema de certificar a qualidade, segurança e fiabilidade de um sistema informático, com vista a garantir a sua utilização plena e eficaz durante um lapso de tempo pré determinado.
Nunca, mas nunca por nunca, na administração pública poderá ser adoptado um sistema informático que não tenha sido alvo de uma certificação de software, única forma de conferir credibilidade ao sistema e gerar confiança nos utilizadores – e isto vale por maioria de razão na área da justiça onde as situações submetidas a segredo de justiça ou a dever de reserva se colocam diariamente, a cada passo.
Na Europa e nos Estados Unidos, no Canadá e no Brasil, na Austrália e na Nova Zelândia, nunca é adoptado um sistema informático de dimensão média ou grande, público ou privado, sem que o respectivo software seja submetido a um processo de certificação.
Se mesmo assim ainda tem dúvidas, faça de o obséquio de ler o que segue:
e de ler

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Sindicatos e política

Fico varado quando vejo responsáveis políticos censurarem com indignação os sindicatos pelo facto de eles "fazerem política".
Mas o que é que eles pensam que os sindicatos deviam fazer ?
Crochet ?

terça-feira, 9 de junho de 2009

Índice do situacionismo

Pacheco Pereira tem inteira razão no que diz aqui:

A questão do situacionismo não é de conspiração, é de respiração.
E, nalguns casos, de respiração assistida.

A RTP deu hoje às 13 horas um bom exemplo da importância que o "serviço público" dá a um acto político importante numa democracia - as eleições. Anunciou o seu telejornal das 13 horas com uma grande notícia: o despedimento do treinador do Benfica. Depois abriu com as eleições e, em 19 minutos, passou rapidamente pelos resultados nacionais, e detalhadamente pelos resultados internacionais. Compreende-se quando há um jornalista que diz que "os resultados em Portugal são um espelho da Europa", uma variante da culpa é da crise internacional. Em contraste com este "serviço público" muito especial, a TVI deu 22 minutos de eleições e a SIC 30 minutos.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Sistema político caduco

O actual sistema político está completamente caduco e ultrapassado.
Só assim se explica que numa eleição nacional vote apenas cerca de 1/3 do eleitorado.
Vejam-se estes números relativos às eleições de 7 de Junho de 2009:
Inscritos - 9.604.744
Votantes - 3.557.264 - 37,04
Abstenção - 6.047.480 - 62,96%
PSD - 1.127.128 - 31,7% (11,73% do total do eleitorado)
PS - 945.368 - 26,58% (9,84% do total do eleitorado)
BE - 381.791 - 10,73%
CDU - 379.290 - 10,66%
CDS - 297.823 - 8,37%
Brancos - 164.831 - 4,63%
Nulos - 71.136 - 2%
Outros (pequenos partidos) - 189.879 – 5,33%
Isto significa que a brilhante vitória do PSD contou com o apoio expresso de... 11,73% do eleitorado e que a votação no PS representa 9,84% do eleitorado, só para referir os números mais expressivos.
Ora um sistema político que se contenta com maiorias parlamentares representando 10 e 11% do eleitorado já não é um sistema, é uma ruína irónica que custa levar a sério.
Para quando uma reforma do sistema político, senhores políticos ?
Já compreenderam que começa a ser difícil serem levados a sério ?

Extrema esquerda

Dizer que o PCP é “extrema esquerda” é o mesmo que dizer que o Sahara é um jardim florido.
Mas compreende-se: para quem acredita que o PS, com o seu neo-liberalismo convergente/conivente com a alta finança, é “de esquerda”, tudo é possível – a mim, que vi há dias um porco a andar de bicicleta, já nada me espanta.

Frases chave da votação de ontem

A propaganda já não é o que era.
A arrogância é uma pele que se veste depressa mas custa muito a despir.
Os portugueses estão cada vez mais obtusos – já nem acreditam no zèzito.
Quando as sondagens são fretes o despertar é duro como cornos.
Vital para a Europa – ! Menos um emplastro por cá.
Uma ministra da educação sem educação é um estropício sem avaliação.
Malhar por malhar, antes no Santos Silva, que é dado a essas coisas.
Um Vital pequenino é um Vitalino, um Vitalino grande é um “roubalheira”.
As candidatas fantasma são um verdadeiro miasma.
Queres maioria absoluta ? Toma !
Telefonar ao "gajo" a dar os parabéns ? Nem morto !

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Perguntas estúpidas


Depois de ouvir tantas perguntas e tantas respostas estúpidas no decurso da campanha eleitoral, agora estou a reflectir...

terça-feira, 2 de junho de 2009

Morais Sarmento vs. Santos Silva



Hoje tive um momento de tentação - deixei o programa de TV ficar quieto quando me apareceu mais um frente a frente Morais Sarmento/Santos Silva. Para mim é evidente a superioridade sempre reiterada de Morais Sarmento - bem preparado, com um discurso estruturado, coerente e claro, educado, em contraste com um Santos Silva crispado recitando cassettes ingurgitadas à pressa. Estive a ver.
Morais Sarmento continua bem preparado, com um discurso estruturado, coerente, claro e educado.

Santos Silva continua um leitor de cassettes crispado e sempre com uma perninha a fugir para a chicana.

Nada de novo, portanto.
Siga a marinha.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Patético


A tentativa de “colar” Cavaco Silva ao escândalo do BPN é infantil e chega a ser patética.
Trata-se de “artilharia pesada” e a ordem só pode ter vindo de “cima”.
Estas eleições – e as próximas, seguramente – tresandam a lodo.
É seguramente um bom motivo para Cavaco repensar a "cooperação institucional".