sábado, 30 de maio de 2009

Todos contra todos

Pôr todos contra todos é uma singular forma de fazer política, que no passado teve os seus seguidores no PSD mas que o actual PS elevou ao primeiro plano e transformou na sua principal estratégia.
Sempre que alguém protesta por esta ou aquela medida sectorial o PS clama que está a defender o interesse geral e não aceita críticas sectoriais.
Fatiando a sociedade em “corporações” e atacando cada uma à vez, este PS tenta dividir para reinar: põe pais e alunos contra professores, professores contra alunos, juízes contra advogados, advogados contra juízes, médicos contra enfermeiros e enfermeiros contra administrações hospitalares, etc.
Por isso só posso estar de acordo e aplaudir de pé a opinião do filósofo José Gil, que diz que o ministério (da educação) "virou todos contra todos".

Esta gente governa em cizania, procurando aprofundar as clivagens sociais para delas tirar melhor partido, deixando tudo em cacos, quando um governo a sério procuraria esbater diferenças e alcançar consensos.
Há anos que compreendi isso.
A minha esperança é que por alturas das próximas eleições muito mais gente o tenha também compreendido.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

A peixeirada

Chegámos a isto.

Já vi escrito na blogosfera que na polémica entre Manuela Moura Guedes e Marinho Pinto ontem na TVI houve um empate técnico.
Talvez.
Mas foi um empate a um nível baixíssimo – não é normal os jornalistas descerem ao nível peixeiroso de MMG nem é normal o Bastonário da Ordem dos Advogados desatar a berrar e zurzir violentamente o interlocutor em jeito comicieiro, à frente das câmaras.
MMGuedes é uma senhora irritante, porque é arrogante e superficial, sobranceira e roçando a grosseria para com os seus convidados/vítimas – isso naturalmente granjeou-lhe uma multiplicidade de animosidades e antipatias.
Apertado por tal entrevistadora, Marinho mudou o registo/guião e sem responder às suas perguntas (aliás bastante incómodas, mas formuladas no jeito irritante de MMG) passou ao ataque com um discurso estruturado e claramente preparado para o efeito, violento, agressivo, contundente e mesmo ameaçador (“V. viola constantemente as regras de deontologia jornalística, que eu aliás desconfio que nem conhece...”).
Com tal atitude ganhou a simpatia da malta que odeia a Guedes.
Mas pode muito bem ter perdido a Ordem dos Advogados.
Estou convencido que os advogados em geral se sentiriam mais confortáveis com um Bastonário que fosse e se comportasse como “um senhor” - um António Pires de Lima, um Ângelo Almeida Ribeiro, um Mário Raposo – seria impensável que qualquer deles fosse para a TV vociferar e berrar daquela forma e naquele contexto.
Com certeza que haverá na advocacia quem goste do estilo de Marinho, mas acredito sem reservas que uma grande maioria dos advogados portugueses não gostou do que viu na TV.

Adenda: se MMG e marido processaram José Sócrates pelo que ele disse do programa da primeira na TVI, pergunta-se o que irão fazer agora, que ouviram de Marinho considerações no mesmo sentido mas substancialmente mais violentas e contundentes; vão processar o Bastonário ?

O cérebro

É uma coisa extraordinária.
Todas as pessoas deviam ter um...
Oscar Wilde

Se a estupidez pagasse imposto

Os apresentadores de TV e Rádio que em vez de dizerem "Eurojust" dizem "Eurodjâst" à inglesa, coitados, estavam todos carimbados.
Todinhos.
Tadinhos...

Delito de opinião

Há bocado vi no Delito de Opinião uma referência de que a chamada de Vital Moreira pelo PS às eleições europeias era uma espécie de balão de ensaio sobre a sua eventual futura candidatura à presidência da república.
Estive 10 minutos seguidos a rir.
Depois de ter visto ontem a autêntica goleada que Paulo Rangel lhe inflingiu na TV24, só mesmo para rir, não desfazendo...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Acredite se quiser

Acredite se quiser

Notícias surpreendentes lá de fora: o primeiro-ministro belga, Yves Leterme, propôs hoje (19/12/08) a demissão de todo o Governo, na sequência de acusações de alegadas (alegadas, imagine-se!) pressões sobre a justiça. Leterme nega qualquer pressão sobre o poder judiciário e apenas admite ter feito "contactos"; Michael Martin, presidente da Câmara dos Comuns, anunciou hoje (19/05/09) a demissão, após acusações de alegadamente (alegadamente, pasme-se) ter consentido alegados (só alegados) abusos nas despesas de representação de alguns deputados; dois membros da Câmara dos Lordes foram hoje (20/05/09) suspensos (suspensos, a democracia inglesa está maluca!) por alegadamente (outra vez só alegadamente) terem aceitado dinheiro para votar projectos de lei.
Nenhum deles foi, pasme-se de novo, condenado por sentença transitada em julgado, e mesmo assim, pasme-se ainda mais, tiraram consequências políticas de alegações fundamentadas que os visavam. Então e aquela coisa da "presunção de inocência"? As democracias belga e inglesa têm que comer muita papa Maizena para chegarem aos calcanhares da nossa...
Crónica de Manuel António Pina no Jornal de Notícias, que reproduzo com vénia.

Está lapidar.
O meu agradecimento ao
José, da Porta da Loja, por ter chamado a atenção para este excelente texto.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Quando eles começam a dizer...

Que estão de consciência tranquila, aí é que eu começo a desconfiar.

Obrigado a Funes, pela dica.

Parlamentar/para lamentar

Na Grã Bretanha ocorreu um escândalo por se ter apurado que alguns deputados fizeram despesas inadequadas a serem pagas por dinheiro público; o resultado foi o presidente do Parlamento demitir-se.
Em Portugal ocorreu uma vez um escândalo: apurou-se que meia Assembleia da República tinha feito viagens indevidas, pagas pelo erário público; o resultado foi os papéis onde essas viagens estavam registadas terem sido destruídos.
É essa a diferença entre um regime parlamentar e um regime para lamentar.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Eurojust

Cada vez compreendo menos.
Creio que o Eurojust é um sistema europeu de coordenação de investigações transnacionais, em que estão envolvidos dois ou mais Estados membros da União Europeia.
Assim sendo, parecem não subsistir dúvidas de que as investigações do caso Freeport passam pelo Eurojust, pois há investigações conexas de autoridades portuguesas e autoridades britânicas sobre o mesmo caso, envolvendo as mesmas testemunhas e relacionadas com factos conexos.
Lopes da Mota, o Procurador Geral Adjunto contra o qual foi agora instaurado processo disciplinar por suspeita de pressões ilícitas sobre os investigadores, trabalha justamente no Eurojust, do qual aliás é presidente e onde é suposto ter uma enorme margem de manobra.
A sua manutenção em tal cargo parece, pois, insustentável, dado que não pode trabalhar em processos onde está impedido, uma vez que está directa e pessoalmente interessado nesses processos.
Estará sempre posta em causa a sua isenção, seja qual for a decisão que tome no âmbito de tal processo, por mais insignificante que seja.
É previsível que os arguidos do processo levantem a questão, logo que algum dos seus trâmites passe pelo Eurojust.
Assim, o afastamento do Dr. Lopes da Mota do Eurojust é de elementar bom senso.
Nessas condições, mantê-lo em funções por razões políticas ou por receio de exploração mediática é, além de um sacrifício injusto e violento que lhe está a ser exigido, de uma profunda e lamentável falta de sensatez.
A não ser que o Eurojust não sirva para nada de realmente importante – se assim for, já cá não está quem falou.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Damage control

Estava-se a ver.

A situação de Lopes da Mota no Eurojust é uma fonte de problemas para o PS.

Torna-se inadiável a sua saída, como esta tirada de Vital Moreira (o tal que é o rosto visível do PS) bem demonstra:

“...Se estivesse naquele lugar, mas não quero julgar ninguém, eu, porventura, pediria suspensão de funções enquanto o processo disciplinar decorresse”.

Chama-se a isto "Damage control".

Lopes da Mota tem os dias contados no Eurojust.

terça-feira, 12 de maio de 2009

domingo, 10 de maio de 2009

Só deu o nome !


É pena.
Elisa Ferreira tem um passado de rigor e qualidade que é fortemente fustigado por porcarias destas - devia pensar duas vezes antes de alinhar nelas e pensar três vezes antes de ter a distinta lata de o reconhecer publicamente.
Dir-se-ia que já está convencida que vai perder as eleições - quer as europeias, quer as autárquicas - e anda às voltas com a questão de escolher o mal menor.
Adenda: Elisa Ferreira soma e segue no caminho directo para a asneira - “Pintaram os bairros, mas esqueceram-se de vos dizer que o dinheiro é do Estado, é do PS” ... disse ela, em campanha eleitoral.
O dinheiro é do Estado, é do PS ???
Elisa tende a transformar-se no maior trunfo eleitoral... do PSD.
2ª Adenda: lido na Sábado, onde cheguei através do 31 da Armada:
"O que mais impressiona é constatar que este deslize de Elisa Ferreira é um retrato fiel do que tem sido o Governo do PS; o dinheiro é do Estado, o Estado é do PS e, por conseguinte, o dinheiro do Estado é do PS."
Eu acho que isto é mais do que um lapsus linguae: é a face real de uma certa filosofia do Estado, do partido e do poder, onde o poder está em 1º lugar, o partido em 2º e só em 3º lugar vem o Estado.

Para ser franco...


Falando francamente, acho que prefiro ouvir o segundo.

sábado, 9 de maio de 2009

PS e PSD com votação igual

Sondagem eleições eurpeias em 9 de Maio/2009:

O PS atinge os 33,1%, o PSD sobre aos 32,9%, como esclarece o blog Margens de Erro.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O stress da Ordem

Isto vai cá um stress na Ordem dos Advogados !...
Dei-me ao trabalho de ouvir diversas intervenções de advogados no decurso da assembleia geral de Abril/2009, onde foram rejeitadas as contas apresentadas pelo Bastonário e pelo Conselho Geral relativas a 2008.
As intervenções podem ser ouvidas aqui.

Sem querer ser catastrofista, eu diria que me parece que a Ordem está a dar as últimas, estando prestes a ser totalmente descaracterizada pela supressão dos Conselhos Distritais.
Mas o pior é que da AG ressalta com clareza que uma guerra mortal começou e que ela só vai acabar quando um dos contendores der a alma ao criador.
De um lado está a advocacia tradicional, com nomes consagrados.
Do outro lado está o Bastonário Marinho Pinto legitimado por uma eleição, que alegadamente terá atrás de si os apoiantes advogados chamados de “descamisados”.
A OA que sempre teve um pendor agregador e abrangente, começa a sofrer lógicas de exclusão típicas das estruturas sindicais, perdendo acentuadamente o seu carácter de pessoa colectiva pública e salientando-se enormemente a sua vertente para-sindical.
Creio ser necessária uma reflexão global e estratégica sobre o fenómeno associativo forense, para se chegar a uma conclusão que me parece crucial: justifica-se, nos tempos que correm, a existência de Ordens profissionais como as que actualmente estão no terreno, com as funções reguladoras e formativas que têm vindo a assumir ?

Perguntas de resposta difícil

Facto: o défice orçamental vai chegar este ano a 7% e será necessário descê-lo nos próximos anos, para manter critérios de convergência europeus.
Como é que tencionam alcançar tal objectivo ?
Aumentando os impostos ?
Baixando a despesa ?
Baixando a despesa como ?
Cortando nos salários dos funcionários ?
Cortando nas despesas da administração central ?
Quais ? Como ? Qual a calendarização dessas intenções, quando é que vai acontecer o quê ?
Que obras públicas vão avançar e quando ? Que obras previstas acabam por não avançar ?
Refiro-me ao aeroporto de Lisboa, ao TGV, às auto-estradas e SCUTs, e a toda a realidade envolvente.
Refiro-me a toda e qualquer obra de dimensão média em qualquer parte do País, seja da responsabilidade da administração central, seja da responsabilidade das autarquias ou das administrações regionais.
Até agora não vi um único político a falar destes assuntos – falam de coisas mais importantes, como a vital ofensa ou a farinha maizena, mas a estas minudências que ditarão o nosso futuro não dão cavaco.

Disponíveis para alterar a lei

Estão disponíveis porque ficaram surpreendidos com a reacção escandalizada de uma boa parte dos opinion makers (blogosfera incluída) ao regabofe do financiamento partidário que aprovaram.
E estão receosos de que a divulgação do caso cheire a esturro às pessoas em geral.
Não esperavam que a questão tivesse divulgação e não anteciparam o assado em que se meteram.
Mas o que retenho é mais uma vez uma realidade triste: eles não estão disponíveis para alterar a lei por ela ser uma pouca vergonha; eles dispõem-se a alterar a lei porque a que aprovaram dá “mau aspecto” e especialmente em tempos de eleições isso é de evitar ao máximo.
O que faz legitimamente recear que amanhã, se detectarem que está toda a gente distraída, são capazes de aprovar leis tão más ou piores do que esta.
É isto que mais chateia: esta malta da política não aprende, comete repetidamente os mesmos erros e repetidamente tenta emendá-los da pior maneira, abrindo caminho para os voltar a cometer na primeira oportunidade.
É por estas e por outras que deixei de votar: é que nem sequer lhes dou confiança para ir lá botar o voto em branco – não voto porque essa rapaziada não merece que eu saia de casa ou desista de uma tarde na praia, nem sequer para votar em branco.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Ponte Europa

É um orgulho e um privilégio ser cidadão (pagante, contribuinte líquido) nesta terra !

Palavras caras e alentejanos

Andando pela rua soalheira e airosa, o estrangeiro de Lisboa aproximou-se do alentejano e perguntou "ó amigo, sabe onde posso encontrar um nefelibata ?"
"Na cêii", respondeu o autóctone, "aqui nesta rua só há teratologistas".

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Peço desculpa por ter pedido desculpa...

Isto começa a parecer a versão partidária com 40 anos de atraso do antigo e celebrado "Peço desculpa por ter pedido desculpa" atribuído a Américo Tomás.
Então, e já agora, ninguém pede desculpa ao respeitável publicozinho, por aturar esta "pessegada" ?

domingo, 3 de maio de 2009

Abraça-me bem


ABRAÇA-ME BEM
Mafalda Veiga

Levantas o teu corpo cansado do chão
Afastas esse peso que te esmaga o coração
Abres uma janela e perguntas-te quem és
Respiras mais fundo e enfrentas o mundo de pé
Eu venho de tão longe e procuro há mil anos por ti
Estendo a minha mão até te sentir
Não sabemos nada do que somos nós
Mas sabemos tanto do que muda por não estarmos sós
Abraça-me bem
Levantas os teus olhos para me olhar assim
Procuras cá dentro onde me escondi
E eu tenho medo, confesso, de dar
O mundo onde guardo tudo o que mais quis salvar
Tu dizes que não há outra forma de ficarmos perto
Não há como saber se o caminho é o certo
Só pode voar quem arriscar cair
Só se pode dar quem arriscar sentir
Abraça-me bem

sábado, 2 de maio de 2009

Feira do Livro de Lisboa


Fui lá hoje.
Ir a uma feira do livro num Sábado à tarde não é grande ideia, mas acabei por me sentir bem, não houve enchente a sério.
Os caminhos do livro são cada vez mais estreitos, à medida que vai alargando a “banda”, já de si “larga”, da rede das redes...
Não é que não estivessem muitas e desvairadas gentes na feira.
Estavam.
Mas a sensação com que fico é que a estas coisas vamos sempre os mesmos – e talvez cada vez menos, porque os que “quinam” nas esquinas da vida são em número superior aos novos aderentes das delícias da leitura.
Eu, como leitor compulsivo de livros, não resisto à tentação de pôr a manápula numa série de livros a quase metade do preço de tabela (os livros que normalmente custam 20 € estavam a 10 ou 12, mais coisa menos coisa).
Comprei vários livros do Amin Maalouf, do Fernando Campos e do meu querido e sempre venerado Conan Doyle.
Não comprei nem um único livro técnico – nem olhei para as bancas respectivas, o que, confesso, me deu um certo e secreto gozo.
Das minhas incursões nos novos livros darei notícia futuramente, se for caso disso.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Dinheiro vivo


De como os partidos políticos conseguem transformar um país que já foi de gente séria numa república de opereta.
No fundo, o que é preciso é que o carcanhol não falte na maleta.
João Miranda, do Blasfémias, diz - e muito bem - que
"Se eu tiver 1 milhão de euros e disser que foi o Jacinto Leite Capelo Rego que me deu, é enriquecimento ilícito.
Se um partido político tiver 1 milhão de euros e disser que foi o Jacinto Leite Capelo Rego que o deu,
é um caso de cidadania."

Gata


Gatinha com ideias luminosas

(clique na imagem para a ver em grande)

As virgens experimentadas

Uma vez perguntaram a uma rapariga se ela era virgem e ela respondeu, depois de alguma reflexão, que era uma “virgem experimentada”.
É essa figura que me lembram os deputados da nação que falam em “transparência” a propósito das novas oportunidades de “dinheiro vivo” a entrar para os partidos, consagrada na recentemente aprovada lei do financiamento dos partidos.
É realmente o que eles são – umas virgens “experimentadas”.
Todos eles, com uma única e honrosa excepção – o deputado José António Seguro.