segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Sem mensagens

É verdade, sem posts há quase 1 mês.
Sabem porquê ?
Porque o panorama existente só me leva a dizer disparates e palavrões.
Mais vale estar calado.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Naturalidade

Fiquei siderado - que o homem se esteja nas tintas para o desemprego, é um facto que se mete pelos olhos dentro, já de si algo chocante num governante.
Mas que faça alarde público dessa indiferença, já custa  a sério: o idiota podia ao menos fingir alguma preocupação, que diabo.
Pois, parafraseando o tipo, eu cá encaro com a maior "naturalidade" que ele vá parar ao desemprego, até porque com tanta incompetência, isso é que é natural.

sábado, 6 de novembro de 2010

Responsabilidade criminal dos políticos

A velha "milonga" de que os políticos são julgados apenas através de eleições é uma treta inventada pelos próprios políticos para se safarem de responsabilidades e basicamente significa que, apesar de todas as trambiqueirices, de todos os negócios escuros, de todas as corrupções, a coisa se resolve com uma eleição: se o político for reeleito, passa-se uma esponja sobre o assunto, porque o povo soberano exarou o seu julgamento absolutório; se o político não for reeleito conclui-se que já sofreu uma punição exemplar do eleitorado e... passa-se uma esponja sobre o assunto.
A esponja funciona em qualquer caso.
Escuso de avançar grandes argumentos para demonstrar que este raciocínio é perverso – prefiro usar um argumento que com os políticos é muito eficaz, o julgamento do povo.
É que hoje em dia começa a ser vulgar entre os cidadãos a ideia de que quem governa mal e por vezes com dolo intenso, prejudicando gravemente o País e os seus concidadãos, deve ser responsabilizado civil e criminalmente, porque invariavelmente se aboletou com uns vastos milhões que pertencem aos cidadãos e porque esse latrocínio que o enriqueceu deve ser castigado do ponto de vista criminal.

Pedro Passos Coelho reflecte essa corrente de opinião dos cidadãos, quando defende a responsabilização civil e criminal dos políticos, e fá-lo sabendo que está respaldado numa intensa corrente da opinião pública.
Todos os políticos o sabem.
Todos ?
Não.
Há um tipo que ficou perplexo: o Vitalino Canas, em cujo crâneo é difícil entrar uma ideia saudável ou normal, o Vitalino ficou perplexo e não se coíbe de o dizer; podia perguntar ao colega do lado, enfim, a qualquer assessor, mas prefere não perguntar e manifestar a sua perplexidade.
E parece que não há uma alma caridosa que lhe explique uma coisa tão simples: quem comete crimes, mesmo sendo político, deve ser punido por isso.
Ainda havemos de ver o Vitalino argumentar expressis verbis que as prisões não se fizeram para políticos, porque essa é a lógica do sistema democrático; no dia seguinte defenderá o contrário pela mesmíssima razão.
Este inefável Vitalino, com todos os outros Vitalinos e Vitalinhos, constitui o sal da terra.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Cavaco preocupado com impaciência

Cavaco Silva afirmou hoje através da rede social Twitter (@CavacoSilva2011) que vê “com muita apreensão o desprestígio da classe política e a impaciência com que os cidadãos assistem a alguns debates”. Uma declaração feita no primeiro dia do debate do Orçamento do Estado de 20011 na Assembleia da República, pelo que dá a entender que Cavaco se se refere esta discussão no Parlamento.

O cidadão que faz este blog confessa a sua impaciência perante um político que ultimamente se refere repetidamente à nossa vocação marítima, político esse que quando foi Primeiro Ministro se tornou o principal e o maior responsável pelo abate da nossa frota pesqueira e pela liquidação da indústria e comércio da pesca em Portugal.
Esse político chama-se Cavaco Silva e é hoje presidente da república, aliás recandidato. 

domingo, 31 de outubro de 2010

500 milhões de incompetência

Este cara de pau com lata para dar e vender, queixa-se de que o acordo com o PSD para viabilizar o Orçamento vai importar numa despesa de 500 milhões de €.
Se tivesse vergonha no frontispício deveria atentar numa realidade evidente: foi a incompetência do governo a que pertence que permitiu derrapagens orçamentais monumentais (só em 2010 foi de 1.800 milhões) e foram tais derrapagens que levaram à situação aflitiva em que nos encontramos hoje - no meio da sua enorme incompetência, 500 milhões nem é assim tanto dinheiro.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Inflexível



Comentário: pena é que não tenha demonstrado inflexibilidade nenhuma quando se iniciaram as monumentais derrapagens orçamentais ocorridas durante o seu mandato...

Orçamento da raiva

Diz quem sabe (e explica porquê) que o Orçamento que Sócrates quer impor ao País foi feito com raiva e sobretudo com desleixo, significando com isto falta de cuidado.
Parece-me também que sim: num País que está a tentar reduzir despesas é inimaginável que os gabinetes ministeriais aumentam 15 e 20% o seu orçamento anual, é inimaginável que se cative uma verba de 300 milhões de euros para "publicidade", é inimaginável que se cativem milhões de euros para "seminários".
De onde ressalta uma conclusão: Sócrates pretende mesmo partir a corda, não está interessado em consensos e em qualquer acordo com o PSD ou com outro partido qualquer; quer eleições forçadas.
As reuniões havidas com o PSD para "tentar salvar o Orçamento" foram desde o início uma encenação - eles sabiam que as conversações iam falhar.
Tinha escrito antes que mais uma vez o PSD caiu na "esparrela" de acreditar na boa fé dessa gente, mas resolvi alterar o post.
De facto, o próprio PSD também não é flor que se cheire: pela mão de Cavaco Silva foi o grande obreiro das oportunidades perdidas dos anos oitenta do séc. passado, em que diariamente entravam milhões vindos da Europa, sem que o País se desenvolvesse coisa que se visse, para além de obras do betão - auto-estradas e o Centro Cultural de Belém.
Mas aquilo que o PSD fez não desculpa a derrocada despesista dos anos de Guterres e de Sócrates.
Culminar um consulado com um Orçamento feito à pressa, desleixado, descuidado, fortemente penalizante para quem já tem pouco e de enorme largueza despesista para quem já tem tanto (clientela partidária), é uma marca indelével que Sócrates deixará no País, como o pior Primeiro-Ministro que Portugal conheceu desde o 25 de Abril.

sábado, 23 de outubro de 2010

Ouvido na rádio

Sobre Sócrates: é bom jogador, joga até muito bem, o único reparo é que está a jogar com o futuro da País.

Comentário: não seria mais curial que o homem se dedicasse ao poker ?

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Orçamento-Vigarice-Prisão

A Tia Manuela é que lhes canta bem, com sermão e missa cantada:
Manuela Ferreira Leite foi esta semana muito dura na apreciação do Orçamento do Estado para 2011, considerando que «quem fez esta vigarice devia ir preso».
«Este Orçamento é uma vigarice e os seus autores mereciam ser presos», disse na reunião do grupo parlamentar, em que, apesar disso, insistiu na defesa da abstenção. E a antiga líder não foi a única no partido a mostrar aberta discordância com Passos Coelho.
(In Sol).

Comentário: ainda não perdi as esperanças de ver a profecia concretizada.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Um país de bananas...




Portugal é "Um país de bananas governado por sacanas", dizia o rei D. Carlos, citado por Carlos Abreu Amorim no Jornal de Notícias.

Um rei que assim definia Portugal era sem dúvida um homem lúcido.

E eu começo a pensar se a monarquia não teria as suas virtualidades.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Os ataques do Governo às magistraturas

Sem papas na língua:
João Palma no CM:
Nas duas últimas semanas, nas várias reuniões no Ministério da Justiça, o que vimos foi um Governo em permanente alteração de rumo, mas sempre com o propósito de voltar a atacar os magistrados, retomando o discurso dos "privilégios". Chegou a apresentar como definitiva uma proposta que reduzia cerca de 30% dos vencimentos dos magistrados. Só dos magistrados!
(...)
Uma coisa é certa: não poderão continuar a ser os magistrados e oficiais de justiça, trabalhando dia e noite, a sustentar um Sistema de Justiça que este Governo está determinado em afundar. Privilegiados? O seu único privilégio é a nobreza do seu serviço.

António Martins no CM:
“Juízes estão a pagar factura do processo ‘Face Oculta’”
O presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP), António Martins, acusou esta segunda-feira o Governo de estar promover cortes na classe devido ao seu trabalho em processos como o “Face Oculta” e “outros anteriores”.
“Estamos a pagar a factura de ter incomodado, nas investigações e no trabalho jurisdicional que fazemos, os ‘boys’ do Partido Socialista. Estamos a pagar a factura do processo ‘Face Oculta’ e de outros anteriores”, acusou António Martins, em declarações à agência Lusa.

Magistratura mendiga

Crónica de Eduardo Dâmaso no Correio da Manhã:

Em termos práticos, na fase de inquérito, a ‘magistratura mendiga’ enfrenta 2011 com menos dinheiro para salários, admitir novos quadros, remunerar peritos, fazer deslocações, reforçar a informática, mobilizar outros meios que as investigações exijam, alguns deles muito caros, como traduções e outros trabalhos. Os próprios tribunais vão enfrentar todo o tipo de problemas em matéria de funcionamento.
O desafio que se coloca aos profissionais da Justiça é, portanto, duríssimo. Para quem já se debate há anos com enormes dificuldades para manter o sistema a funcionar em níveis de dignidade e resultados compatíveis com uma ideia de Estado de Direito, daqui para a frente a missão é quase impossível. Desde logo porque, como disse também Maria José Morgado, o estado a que chegámos está directamente relacionado com uma corrupção endémica. E essa, daqui para a frente, será ainda mais difícil de combater. Sem salários dignos e sem meios não há milagres que valham a uma Justiça, ela própria mendiga há muitos anos.

domingo, 17 de outubro de 2010

Ninguém me convence...

Ninguém me convence que este governo é gente séria enquanto não for adoptado o sistema Linux como sistema operativo padrão para todos os computadores dos profissionais do Estado e da função pública em geral.
Com efeito, é uma verdade consabida que o Linux é gratuito e as aplicações para Linux são igualmente gratuitas – em especial as que estão ligadas a operações de texto e cálculo, abrangidas no Open Office para Linux, um excelente programa que não fica nada a dever ao Office do Windows.
O Linux foi adoptado para os departamentos públicos de países como a Alemanha e a China.
Apesar disso, os responsáveis políticos e administrativos portugueses continuam a preferir o uso do Windows e a pagar milhões em direitos à Microsoft para o fazer.
Agora que estamos em período de fortíssima contenção de despesas, seria uma excelente altura para que todo o software da administração pública migrasse para o sistema Linux.
É gratuito, a descarga é simples e a sua utilização não implica conhecimentos especiais de informática.
Repito, por isso: ninguém me convence que este governo é de gente séria enquanto o sistema Linux não for aprovado como sistema padrão para todos os departamentos públicos.

domingo, 3 de outubro de 2010

Sócrates - O Antes e o Depois

Palavras para quê ? É um artista português...

Estado deixa de comprar carros

O Estado e as empresas públicas deixaram de comprar carros em virtude das novas regras de contenção orçamental.
Coitados ! Pobre gente ! Vão ter que se governar coms os BMWs e os Mercedes topo da gama comprados há mais de 6 meses !
Realmente, custa muito ser patriota.

Lema do "Estado Social"

Estado Social é a variante portuguesa do forrobódó socialista e o seu lema é:

Para os amigos
tudo, para os inimigos nada, quanto aos restantes, cumpra-se a lei !

Renúncia


Eu renuncio!

Neste momento de aflição em que todos temos de dar as mãos e deixar de olhar só para o nosso umbigo, correspondo ao apelo de quem nos governa e de quem apoia quem nos governa, faço pública parte da lista do que o Estado criou e mantém para minha felicidade, e de que de estou disposto a patrioticamente prescindir.
Assim:
Renuncio a boa parte dos institutos públicos criados com o propósito de me servir;
Renuncio à maior parte das fundações públicas, privadas e áquelas que não se sabe se são públicas se privadas, mas generosamente alimentadas para meu proveito, com dinheiros públicos;
Renuncio a ter um sector empresarial público com a dimensão própria de uma grande potência, dispensando-me dos benefícios sociais e económicos correspondentes;
Renuncio ao bem que me faz ver o meu semelhante deslocar-se no máximo conforto de um automóvel de topo de gama pago com as minhas contribuições para o Orçamento do Estado, e nessa medida estou disposto a que se decrete que administradores das empresas públicas, directores e dirigentes dos mais variados níveis de administração, passem a utilizar os meios de transporte que o seu vencimento lhes permite adquirir;
Renuncio à defesa dos direitos adquiridos e à satisfação que me dá constatar a felicidade daqueles que, trabalhando metade do tempo que eu trabalhei, garantiram há anos uma pensão correspondente a 5 vezes mais do que aquela que eu auferirei quando estiver a cair da tripeça;
Renuncio ao PRACE e contento-me com uma Administração mais singela, compacta e por isso mais económica, começando por me resignar a que o governo seja composto por metade dos ministros e secretários de estado;
Renuncio ao direito de saber o que propõem os partidos políticos nas campanhas pagas com milhões e milhões de euros que o Estado para eles transfere, conformando-me com a falta de propaganda e satisfazendo-me com a frugalidade da mensagem política honesta, clara e simples;
Renuncio ao financiamento público dos partidos políticos nos actuais níveis, ainda que isso tenha o custo do empobrecimento desta democracia, na mesma mesmíssima medida do corte nas transferências;
Renuncio ao serviço público de televisão e aceito, contrariado, assistir às mesmas sessões de publicidade na RTP, agora nas mãos de um qualquer grupo privado;
Renuncio a mais submarinos, a mais carros blindados, a mais missões no estrangeiro dos nossos militares, bem sabendo que assim se põe em perigo a solidez granítica da nossa independência nacional e o prestígio de Portugal no mundo;
Renuncio ao sossego que me inspira a produtividade assegurada por 230 deputados na Assembleia da República, estando disposto a sacrificar-me apoiando - com tristeza - a redução para metade dos nossos representantes.
Renuncio, com enorme relutância, a fazer o percurso Lisboa-Madrid em 3h e 30m, dispondo-me - mesmo que contrariado mas ciente do que sacrificio que faço pela Pátria - a fazer pelo ar por metade do custo o mesmo percurso em 1 h e picos, ainda que não em Alta Velocidade.
Renuncio ao conforto de uma deslocação de 50 km desde minha casa até ao futuro aeroporto de Lisboa para apanhar o avião para Madrid em vez do TGV, apesar da contrariedade que significa ter de levantar voo e aterrar pertinho da minha casa.
Renuncio a mais auto-estradas, conformando-me, com muito pena, com a reabilitação da rede nacional de estradas ao abandono e lastimando perder a hipótese de mudar de paisagem escolhendo ir para o mesmo destino entre três vias rápidas todas pagas com o meu dinheiro, para além de correr o triste risco de assistir à liquidação da empresa Estradas de Portugal.
Seria fastidioso alongar-me nas coisas que o Estado criou para o meu bem estar e que me disponho a não mais poder contar. E lanço um desafio aos leitores do 4R : renunciem também! Apoiemos todos, patrioticamente, o governo a ajudar o País nesta hora de aflição. Portugal merece.

Comentário: estou de corpo e alma com este patriótico esforço; renuncio igualmente a todas as mordomias de que fala o excelente post do 4ª República; direi mesmo que faço questão de renunciar.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Impostos, salários et alia

Para quem ganha 3000 ou 4000 euros, um corte de 10% representa uma diminuição de 300 ou 400 euros de rendimento; é uma contrariedade, deixa de se poder comprar algumas coisas que estavam programadas, dizem-se uns impropérios e a coisa fica por aí.

Para quem ganha 1000 ou 1500 euros, um corte de 5% representa uma “talhada” de 50 a 75 euros por mês, que pode ser dramática, pois 1000 ou 15000 euros de rendimento mensal já está no limite do suportável.

Para quem ganha 15000, 20000 e 30000 euros, como grande parte da classe política, dos gestores e dos “jornalistas” chefes de redacção de jornais, rádios e TVs, um corte de 10% nem se sente, não chega a ser uma contrariedade, é um detalhe.

É bom que se compreenda isto, quando os vemos com ar compungido a defender o aumento de impostos e o corte de salários.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Jornalismo de "serviço"






Manuel António Pina continua a ser um caso de lucidez recorrente no panorama jornalístico.
Eis a sua crónica mais recente no Jornal de Notícias, que se cita com vénia:

Jornalismo de "serviço"

A entrevista "non stop" que, desde que foi condenado, Sua Inocência tem estado ininterruptamente a dar às TVs teve o mais respeitoso e obrigado dos episódios na RTP1, canal que é suposto fazer "serviço público".
Desta vez, o "serviço" foi feito a um antigo colega, facultando-lhe a exposição sem contraditório das partes que lhe convêm (acha ele) do processo Casa Pia e promovendo o grotesco julgamento na praça pública dos juízes que, após 461 sessões, a audição de 920 testemunhas e 32 vítimas e a análise de milhares de documentos e perícias, consideraram provado que ele praticou crimes abjectos, condenando-o à cadeia sem se impressionarem com a gritaria mediática de Suas Barulhências os seus advogados, o constituído e o bastonário.
Tudo embrulhado no jornalismo de regime, inculto e superficial, de Fátima C. Ferreira, agora em versão tu-cá-tu-lá ("Queres fazer-lhe [a uma das vítimas] alguma pergunta, Carlos?"). O "Prós & Contras" só não ficará na História Universal da Infâmia do jornalismo português porque é improvável que alguém, a não ser os responsáveis da RTP, possa chamar jornalismo àquilo.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Prós e Contras - 6/Set/2010

Estava a ver o programa "Prós e Contras" na TV, que neste momento ainda está no ar.
Confesso que depois do intervalo deixei de o ver.
É de vómito.
Marinho Pinto fala do processo Casa Pia com um grande à vontade... para logo a seguir reconhecer que nem o conhece - lindo, um advogado tecer considerações concretas sobre um caso concreto e uma condenação em concreto que nem conhece; espectacular.
O tempo de antena atribuído a um dos arguidos é incrível.
Estou convencido que a maior parte das estações de TV e de comentadores que têm dado todo esse tempo de antena a Carlos Cruz se estão nas tintas para o facto de ele ser culpado ou inocente dos crimes por que foi condenado - estão, sim, e sem dúvida, empenhados seriamente em descredibilizar a justiça.
Este "Prós e Contras" representa a justiça transformada num fait divers ao alcance da coitada da FCFerreira, que além de pouco brilhante (para dizer o mínimo) é de um atrevimento fora de série - costuma dizer-se, não sem razão, que a ignorância é muito atrevida.
Fiz mal em ver esse nojo de programa - vou sentir náuseas durante um tempo indeterminado e nem os sais de frutos me valem.

sábado, 28 de agosto de 2010

Raposo, mas pouco - é mas é Burro

Nem de propósito.

Tinha acabado de comprar o Expresso quando deparei com este post do José da Porta da Loja e fui ler a crónica do tal Raposo.

É difícil juntar um tal chorrilho de lugares comuns ao nível do mais popularucho – o sr. Raposo conseguiu demonstrar que além de não perceber realmente nada do assunto (no que aliás está bem acompanhado – vide crónica de Sarsfield Cabral que ultimamente comentámos), está repleto de certezas cuja existência radica directa e imediatamente na sua profunda ignorância mesclada com uma já normal antipatia pelas magistraturas.

Além de misturar magistratura judicial com magistratura do Mº Pº, metendo-as alegremente no mesmo pacote e ultrapassando à vol d'oiseau os detalhes que para ele serão pequenos (como o “pequeno” detalhe de os juízes serem titulares de um órgão de soberania e de os Procuradores o não serem), o indivíduo fala de sindicalismo judiciário como se ele equivalesse a greves de magistrados a torto e a direito, o que nunca aconteceu.

Esquece outro detalhe: se, por alguma hecatombe constitucional, os juízes fossem expressamente proibidos de constituírem sindicatos, rapidamente essa proibição seria contornada com a criação de uma ou mais “associações de juízes” com conteúdos insindicáveis pelo poder político; era o que se fazia antes do 25 de Abril de 1974, em que as mais diversas proibições eram contornadas com a criação de agremiações mais ou menos conhecidas que acabavam sempre por fazer aquilo que entendiam até ao dia em que fossem encerradas – para abrirem portas logo a seguir com outro nome, retomando o ciclo.

Qualquer papalvo conhecedor do Portugal pré-democrático sabe isto, que o sr. Raposo não parece saber.

Outra confusão do cavalheiro: como é possível os tribunais andarem tão malzinho, se os juízes são na sua esmagadora maioria bem classificados ?

Mas então o sr. Raposo pensa que os juízes esgotam o conjunto de poderes que se manifestam nos tribunais ?

O sr. Raposo não sabe que há leis excessivas e frequentemente contraditórias, que há advogados, que há todo um corpo de funcionários judiciais que nem sequer estão sujeitos ao poder hierárquico dos juízes, que há milhares de processos executivos que não andam nem andarão devido aos sucessivos e enormes erros legislativos cometidos pelos seus tão louvados políticos democraticamente eleitos ?

Não sabe: ele só sabe é que os juízes são razoavelmente bem classificados e os tribunais não funcionam bem, logo haverá aqui uma contradição insanável só explicável pelo inefável corporativismo da classe que ele, qual Catão justiceiro, submete ao látego da sua crítica rigorosa...

Este Raposo parece uma personagem de Eça de Queirós, um Dâmasozinho Salcede atento, venerador, obrigado e... burro que nem uma porta ondulada, mesclando a sua burrice com a ignorância, que anda normalmente de mãos dadas com a incompetência.

Não vou perder mais tempo com o Raposo.

José, tem toda a razão – a crónica deste cavalheiro é um atentado à inteligência e à cultura judiciária, cuja existência aliás, ele nem sequer pressente.

É um burro a dizer burrices que outros burros pensaram antes dele e nas quais só os burros acreditam.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

PGR investiga atrasos no Freeport

Como sempre, a actuar em função dos jornais e das TVs.
Há-de chegar longe, apesar da "boa imprensa".
Pinto Monteiro está farto de saber as causas dos atrasos e todas as contingências que rodearam a investigação do caso Freeport.
O inquérito ao inquérito que ordenou - uma investigação da investigação... - visa exclusivamente efeitos mediáticos e tal intenção não é sequer disfarçada.
É desagradável ver um juiz conselheiro a fazer estas figuras.
Mas claro, ele é que sabe as linhas com que se cose... se a dada altura já ninguém o respeitar ele decerto compreenderá porquê.

domingo, 22 de agosto de 2010

Fugir


Nos anos 50-60-70 do século passado as pessoas emigravam para o estrangeiro por diversas razões: para fugirem à miséria, para arranjar trabalho condigno, para não irem para a guerra.
Hoje há muitos portugueses, especialmente jovens qualificados, que se vão embora para se livrarem... do País.
Vão procurar lá fora as condições de vida socio-profissional que Portugal não lhes pode oferecer, pois o dinheiro esgota-se nos bolsos da classe política e respectivos amigos e pouco sobra para quem trabalha e investiga.
Têm razão: este sítio mal frequentado está cada vez mais irrespirável.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Fui de férias



... Mas mantenho um olhar atento sobre este pequeno mundo ruidoso e por vezes malcheiroso que faz o nosso dia a dia.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Interferências governamentais na justiça

(...)
Passos Coelho tem razão quando acusa o Governo de ter interferido na Justiça.
O Governo tem de explicar quais os imperiosos motivos que impeliam a continuação do vice-PGR, Mário Gomes Dias, após a data em que se deveria ter jubilado. Tem de indicar, com a prontidão que até agora ocultou, quais as razões tão impreteríveis que coagiam a alteração do próprio Estatuto do MP através de uma lei com um destinatário imediato e definido. E o Governo tem de confirmar se considera virtuoso, recto e avisado que esse mesmo magistrado, para o qual, pelos vistos, se movem montanhas políticas e legislativas, seja o autor da ordem de conclusão do inquérito ao caso Freeport para 25 de Julho, uma data que não cedeu sequer um mês aos investigadores para analisarem o relatório final da PJ (recebido a 21 de Junho), com 535 páginas, quando ainda aguardavam resposta a quatro cartas rogatórias, e, sobretudo, inutilizando a inquirição de José Sócrates, entre outros.
(...)
Carlos Abreu Amorim, Diário de Notícias

sábado, 14 de agosto de 2010

Isto não é um País



É um sítio mal frequentado.

Tirar o curso de Direito, andar a queimar as pestanas durante anos a fio, gastar o carcanhol paterno/materno em livros, sebentas, alojamento e tudo o mais que implica ir para uma universidade - para depois apanhar uma Ordem dos Advogados demagógica e popularucha que não se ensaia nada em mandar às malvas o esforço do jovem licenciado, é no mínimo o cúmulo do azar.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Notícias tecnológicas

Foi disponibilidade ontem o "upgrade" do Android 2.2 (também conhecido por "Froyo") da Optimus para o HTC Desire (perdoem o linguajar tecnológico, mas é a forma mais simples de o dizer).
A descarga do sistema operativo faz-se directamente no telemóvel e convém usar-se uma rede Wifi porque são cerca de 90 MB.
Após a descarga o próprio sistema se auto-instala sem qualquer intervenção do utilizador.
O único problema que detectei foi a desconfiguração dos serviços internet, coisa que se resolveu com uma chamada para os serviços técnicos da Vodafone que foram impecáveis - ensinaram-me a configurar manualmente o telemóvel, acompanhando passo a passo a operação.
Entretanto, para os que se interessam por estes temas, aqui vai o endereço da comunidade portuguesa do Android - http://www.androidpt.com/ .

sábado, 7 de agosto de 2010

Bicicleta tecnológica – o Android em duas rodas

Aproveitando as férias para ganhar boa forma, tenho feito muitos passeios de bicicleta.
Entretanto tinha comprado um “smartphone” equipado com o sistema Android e qual não foi o meu espanto quando descobri que o Android Market tem várias aplicações gratuitas que tornam o telefone num poderoso computador portátil para bicicletas...
Dois programinhas deixaram-me espantado: o Sportstracker e o Ridetrac.
Quer um quer outro registam o percurso feito em bicicleta, a velocidade média, as variadas velocidades atingidas durante a passeata, mostrando o mapa onde ela ocorreu com o trajecto marcado; o Sportstracker chega ao cúmulo de proporcionar o filme do trajecto, mostrando velocidades, paragens, direcções, um detalhe que nunca tinha visto.
Estes sistemas usam, claro, GPS, e estão baseados no Google Maps, indicando tudo o que se pretende com um detalhe impressionante – inclusive a perda de calorias calculada para cada saída na bicicleta, o que é importante para quem está a tentar perder algum peso.
Tudo ao alcance de uns quantos cliques e tudo rigorosamente gratuito !
Confesso que estou a ficar um adepto do Android.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Summertime

Vou para férias mas irei manter sempre que possível o contacto.
Para os leitores, os meus votos de excelentes férias com muitos banhos de sol e de mar.
E uma sugestão: não levem “isto” demasiado a sério – correm o risco de apanhar uma depressão e continua tudo por resolver.
Deixo-vos uma versão lindíssima do Summertime, por Ella Fitzgerald e Louis Amstrong.

sábado, 17 de julho de 2010

Pesadelo - ou o sonho de uma noite de Verão

A noite passada tive um pesadelo.
É quase uma coisa normal, volta e meia os sonhos perdem a tramontana e sem ponta de sensatez desabam em cima de assuntos complicados.
A maioria das vezes que sonho ou que tenho pesadelos lembro-me deles apenas muito vagamente e frequentemente só sei que tive um sonho mas nem me lembro sobre o que foi.
Este foi diferente e por isso marcante.
Desde logo porque me lembro do sonho/pesadelo com todos os pormenores, ao vivo e a cores.
Sonhei que tinha ido à Festa do Avante e que tinha perdido o meu carro ou alguém mo roubou, não sei, acordei a meio da noite a suar tremendamente e revoltadíssimo por me terem sacado a viatura, preocupadíssimo porque não a encontrava.
Depois lembrei-me que o carrinho estava arrumado lá em baixo ao pé da porta e acalmei.
O que isto tem de estranho é que em toda a minha vida fui duas ou três vezes à Festa do Avante e a última vez que lá fui, foi seguramente há mais de 20 anos.
Há duas dezenas de anos que o pensamento de ir à Festa do Avante nem sequer me perspassa pelas meninges.
Continuo a não ter a menor intenção de lá ir.
Gostava de saber se isto é um puro acaso ou se um psiquiatra freudiano me iria descobrir algum recalcamento anti ou pró comunista..., caspité há montes de anos que não penso em política sob o enfoque ideológico.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Antoine Dufour - Trilogie Acoustic Guitar


Antoine Dufour é um virtuoso, como é evidente, produzindo sonoridades espantosas.
Observem que está a tocar numa viola de cordas de aço, com "cutaway" e um pano qualquer amarrado na cabeça da viola para abafar ressonâncias,
usando unhas especiais na mão direita.
A viola é uma Stonebridge 23CR-DC da série Millenium que tem o som reverberante que estão a ouvir.
Embora sem jurar, tenho a impressão de que ele está a tocar num tom aberto, MI ou RÉ.
Escuso de salientar a técnica deste músico fora de série.
Podem ver aqui outra: Catching the Light. e ainda outra aqui: Ashes in the Sea.

sábado, 10 de julho de 2010

Grosseria

MC “satisfeito” com demissão de director-geral das Artes

O Ministério da Cultura aceitou “com grande satisfação” o pedido de demissão do director-geral das Artes. E já tem um substituto para o cargo. Acusa Barreto Xavier de ser o responsável pela ausência de diálogo entre Gabriela Canavilhas e os agentes culturais.

Comentário: isto é de uma tremenda grosseria e qualifica a titular do Ministério, uma mulher que se calhar gostaria de ser uma senhora.

sábado, 3 de julho de 2010

Metam o prémio no....



Foi o desabafo que Paulo Nozolino teve quando soube os detalhes vexatórios do prémio que lhe tinha sido atribuído por um departamento do Ministério da Cultura.
É uma atitude de dignidade pouco habitual, que por isso mesmo é de realçar.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

As aventuras da Tareca




A minha gatinha Tareca tem várias características próprias, pessoais e intransmissíveis.
Uma das suas qualidades é a de estar sempre repimpada em cima do livro ou do objecto que naquele momento por alguma razão precisei.
Se preciso de consultar um código, é limpinho, lá está a Tareca curtindo uma preguicite aguda em cima do dito; se preciso de me deitar, claro que a Tareca está em cima da minha cama fazendo cara de poucos amigos às minhas tentativas de a enxotar; se quero ir buscar qualquer coisa ao meu saco de viagem é certo e sabido que a bichana estará dentro do saco a curtir uma soneca.
Há poucos dias, ia guardar o portátil e dei com este panorama:

Ora digam lá se isto não é mesmo um agudo sentido da oportunidade...




terça-feira, 29 de junho de 2010

Acabou

A aventura futeboleira e patrioteira sul-africana.
Gaudeamus igitur.
Alea jacta est.

O Japão e o futebol

Verifico que na equipa da selecção japonesa de futebol existe um jogador Honda.
Não existe um Toyota, um Sony, ou sequer um Mitsubichi.
Parece-me que isso é uma violação do princípio da proporcionalidade.
Esta malta do futebol não respeita nada nem ninguém, deviam era ir todos "dentro".

domingo, 27 de junho de 2010

Novidades musicais

Já me tinham falado há anos em programas que fazem a descarga de ficheiros do Youtube para formato MP3.
Na altura pesquisei qualquer coisa, mas desisti, já não sei porquê.
Entretanto o Youtube tornou-se incontornável: quase tudo o que há de mehor em música consta lá.
Há 3 dias, melancólico com a falta de algumas canções de que gosto especialmente e só consigo encontrar no Youtube, fiz uma nova pesquisa e descobri que actualmente há dezenas de pequenos programas “freeware” para descarga e conversão dos ficheiros do Youtube para ficheiros MP3 que podemos alojar no disco dos nossos computadores.
Espectáculo.
Funciona mesmo bem.
Aqui fica a minha sugestão para os melómanos como eu: façam o download das vossas músicas preferidas, em especial daquelas que perdemos de vista há anos e adoramos, e deliciem-se a ouvi-las em alta definição sonora.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Drifting blues

Aqui vai outra do grande Clapton - Drifting Blues, uma lição de blues ao vivo.
A viola é uma Martin 000-28EC de cordas de aço e específica para blues.
Deve ser um espanto de viola - quando for grande quero ter uma.
Reparem na técnica de Clapton: toca de palheta mas também dedilha, num género que acaba por sintetizar o melhor dos dois mundos; e, last but not the least, saliente-se que a viola parece exclusivamente acústica, a amplificação é toda feita através de microfone externo, se não estou em erro.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Os riscos do futebol

Nestes dias de Mundial, corro o risco de cometer um crime de homicídio voluntário qualificado, agravado por requintes de malvadez, se alguma besta me vier falar de futebol.
Que quereis ?
Todos temos os nossos limites.

domingo, 20 de junho de 2010

Saramago


José Saramago morreu e foi cremado.
Era um génio, foi prémio Nobel da Literatura, um vulto que se elevou sobre a sua época.
Como tal era um notável.
O acompanhamento político do seu funeral - quase todo mais correctamente apelidado de aproveitamento político – foi lamentável.
Todos os notáveis se pronunciaram, de uma forma notavelmente egoísta e impartilhável, desagradabilíssima, pelo pouco que consegui ver das cerimónias.
O melhor é esquecer este triste momento passageiro e lembrar Saramago pelo que escreveu, pela qualidade, alcance e profundidade das suas obras.
Boa viagem, José Saramago: ficamos em qualquer caso bem acompanhados pelas suas ideias e pelos seus pensamentos.

Hayley Westenra

Hayley Westenra é uma descoberta.
Senhora de uma voz clara e vibrante, colocada e firme, lembra-me a voz de Sandy Denny nos seus primeiros tempos e a voz de
Jane Relf dos Renaissance.
Aqui deixo um agradecimento à minha amiga Cleópatra que me deu a conhecer esta lindíssima voz.
Ora vejam que bela canção:

Quem sabe, sabe


Aproveitei o Domingo para ir dar umas pedaladas na minha bike, que está um mimo.
Andei aqui pelo bairro de Alvalade, Lisboa, mas fui também dar uma perninha à pista de bicicleta feita na Av. do Brasil, passei pelo Campo Grande e subi pela Av. da Igreja – um total de cerca de 45 minutos com uma perda estimada de calorias da ordem das 4.000, o equivalente grosso modo a meio Kg. de peso.
Cheguei a casa e fui visitar o site da Bike Magazine e fiquei maravilhado com a última invenção da Nokia: inventaram um dínamo que se adapta às bicicletas e carrega os telemóveis enquanto se pedala – 10 minutos de pedalada darão para cerca de meia hora de carga na pilha do telemóvel para falar e muitas mais horas para o telélé em stand by - um carregador do telemóvel que é alimentado a pedal.
Isto é que é inovação, isto é que é ter cabeça para se inventar aquilo que as pessoas precisam e gostam – simpatizo com esta malta, rais parta chego à conclusão de que viver numa sociedade nórdica deve ser muito mais engraçado do que viver aqui na parvónia.
O dínamo foi lançado no Quénia justamente porque está especialmente pensado para países em que o acesso à electricidade não é fácil, mas claro que uma vez comercializado poderá ser usado em todo o lado – inclusive no meu rico Alentejo, onde tanto gosto de passear de bicicleta, aumentando o meu raio de acção e tornando mais seguras as minhas passeatas (porque se exagerar e chegar a um ponto preocupante de exaustão física posso sempre pegar no telefonezinho e telefonar a alguém a pedir para me irem buscar – isso nunca aconteceu mas é de admitir que possa acontecer, na base da jurisprudência das cautelas).
Realmente, quem sabe, sabe.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Blogosfera irrespirável


A blogosfera começa a tornar-se irrespirável.
Abundam as private jokes, as piadas poucos recomendáveis sobre a honorabilidade ou sageza do(s) interlocutor(es), os exercícios onanistas de jogos de palavras, os insultos frequentemente acobertados no anonimato.
Mas o pior de tudo é o puro ódio visceral que se manifesta das formas e nos locais mais inesperados(as) a propósito de tudo e de nada, maxime a propósito de ideias políticas.
É impressionante ver como é possível em virtude de uma discordância construir-se um processo de intenções de parte a parte com tanta facilidade como se bebe uma bica matinal.
As chapuçadas de ódio e o lançamento de trampa em cima de tutti quanti demonstra até que ponto somos primitivos, saloios, incultos e totalmente impreparados para vivermos em sociedade.
A seguir ao 25 de Abril, num período de compreensível tensão (pois não é impunemente que se ultrapassam 48 anos de ditadura) era normal qualificar-se um tipo de “pide” ou de “fascista” mal o desgraçado manifestasse a mínima reserva sobre as “conquistas revolucionárias” que hoje sabemos que não eram conquistas nenhumas.
Hoje começa a ser vulgar apelidar-se um tipo de estúpido e mal intencionado se ele se atreve a pôr em causa a excelência da política governativa – e inversamente, é corrente a atribuição de carácter graxista, subserviente, vendido, a quem de alguma forma manifesta apoio a essa política.
Na blogosfera esses fenómenos são elevados em potência e tudo o que há em nós de primitivo, boçal, cruel ou cobarde, aparece em superlativo de uma forma que até dói - tudo muito potenciado pelo anonimato.
Começo a ficar farto desta blogosfera e não tenho grande interesse em explorar outras paragens cibernéticas.
A vida é curta.
Demasiado curta para nos perdermos em ódios e em exercícios de narcisismo literário inconsequentes e no fundo sempre lamentáveis.
Calhando, o melhor é partir para outra.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Nova bicicleta


Sabia que meia hora a andar de bicicleta queima mais de 200 Kcalorias, o que equivale, grosso modo, a uma perda de peso de 250 gramas ?
Descobri há pouco tempo numa das várias tabelas de perda de calorias.
Descobri também que o tempo de natação livre queima sensivelmente o dobro de calorias que queima o tempo de bicicleta, ou seja, meia hora de natação livre equivale a uma perda de cerca de 400 Kcalorias, equivalendo a uma perda de peso da ordem do meio Kg.
Na gravura junta está a minha nova bicicleta, de alumínio, bastante leve e robusta, a minha maior aposta para perder gorduras e reganhar um peso aceitável neste Verão.
Advertência: estes números são muito variáveis, de acordo com a idade, o sexo e o estado geral de cada um de nós, mais ginasticado ou menos ginasticado; se está interessado, consulte as tabelas referentes à sua idade e peso.
Segundo compreendi, a cada 7.700 calorias corresponde 1 Kg de peso, isto é, uma perda daquele número de calorias implicará uma perda de 1 Kg de peso.

domingo, 6 de junho de 2010

O patrioteirismo futeboleiro

Chegou e está para ficar.
Já não se pode abrir a televisão, apanhamos logo com uma reportagem sobre a gloriosa selecção portuguesa e mais mil e um detalhes sobre a sua venturosa viagem à África do Sul.
Ver estas alminhas a confundir futebol com a Pátria, a misturar pontapés na bola com identidade nacional, a alarvejar sobre a alma portuguesa como se ela se limitasse a uma bola de futebol, dói-me.
Confundir aqueles 11 meninos milionários (mas semi-analfabetos) com a gesta portuguesa dos Descobrimentos, está para além da minha compreensão.
Este patrioteirismo foleiro é uma das coisas mais nojentas que já vi em dias da minha vida.

sábado, 29 de maio de 2010

Isto resolve a questão - leis retroactivas

Da ilegitimidade dos impostos retroactivos.

Está na Constituição da República portuguesa e reza assim:
Artigo 103.º
(Sistema fiscal)
1. O sistema fiscal visa a satisfação das necessidades financeiras do Estado e outras entidades públicas e uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza.
2. Os impostos são criados por lei, que determina a incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes.
3. Ninguém pode ser obrigado a pagar impostos que não hajam sido criados nos termos da Constituição, que tenham natureza retroactiva ou cuja liquidação e cobrança se não façam nos termos da lei.

Um curto esclarecimento para os meus leitores que não são juristas.
Uma lei retroactiva é aquela que visa reger relações jurídicas existentes antes de ela entrar em vigor.
As leis em geral regem só para o futuro, mas há situações extremas em que é necessário que uma lei regule relações jurídicas constituídas antes de essa lei aparecer.
Considera-se que a não retroactividade das leis é uma garantia dos cidadãos num Estado de Direito – citando um clássico, diria que no pensamento constitucional contemporâneo enraizou-se a ideia de que um Estado de Direito é sempre também um Estado de segurança jurídica, como defende o Tribunal Constitucional Federal da Alemanha, que já sufragou a ideia de que a segurança jurídica constitui um dos elementos nucleares do princípio do Estado de Direito, ficando os particulares protegidos contra leis retroactivas que afectem direitos adquiridos, de modo a evitar que seja frustrada a sua confiança na ordem jurídica.
Se vivemos num Estado de Direito, então qualquer lei retroactiva terá de ter uma explicação muitíssimo evidente, por forma a congregar à sua volta a opinião favorável de uma significativa maioria de cidadãos.
Segundo percebi, o governo pretende que uma lei fiscal que agravou o regime fiscal dos cidadãos em geral, aprovada em Maio/2010, produza efeitos retroactivos a Janeiro/2010.
Há estudos de opinião que revelam com clareza que há uma maioria de cidadãos que discordam dessa retroactividade.
Por isso, e tendo em conta o artº 103º, bº 3, da CRP, tal lei é ilegítima porque é claramente inconstitucional.
Mas isso não significa que não possam ser aprovadas leis claras não-retroactivas, que agravem o regime fiscal por forma a obter para o erário público a quantia necessária no final do ano, civil ou fiscal.
Para isso é preciso saber legislar, ter um competentíssimo apoio jurídico e ter acesso a equipas de gente muito experiente que é capaz de desenhar uma lei eficaz, bem feita, constitucional.
Implica muita reflexão à luz de um razoável saber, tudo bem misturado com bom senso e boa fé.
Infelizmente o actual legislador não dispõe de gente com esta qualidade.
Com os resultados conhecidos.

Adenda: sejamos honestos, mesmo relativamente àqueles que fazem da desonestidade uma prática regular.
Ouvi hoje/ontem, 1-6-2010, na TV, que parece que os aumentos de impostos são apenas referentes aos meses seguintes à aprovação da lei; se for assim, a lei não é inconstitucional.
É “apenas” um violento golpe nas finanças de quem menos tem e uma benesse descabida para aqueles que nadam em conforto económico.
Estes homens do governo são uns "socialistas" singulares: socializam a pobreza e deixam os ricos em paz, com o argumento extraordinário de que não convém chateá-los.
Adenda 2 - afinal parece que o aumento de impostos é mesmo retroactivo nalguns casos, como a taxação das mais valias que segundo o Ministro das Finanças abrange todo o ano de 2010; bolas, que estes maraus não param de se desdizer e de jurar a pés juntos que é verdade aquilo que ontem juravam que é mentira; os tipos andam loucos ou sou eu que estou a ficar apanhado do clima ?

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Conselheiro José Marques Vidal


Este Homem é um grande senhor, vertical, incorruptível, sério até à medula e corajoso como poucos.

Escreveu hoje no Correio da Manhã:

Quando Paulo Teixeira Pinto propugna que na próxima revisão constitucional ao Ministério Público se deva retirar o estatuto de órgão de soberania, e proclama que o PSD entende que o MP é independente mas não autónomo e deve ficar obrigado a responder politicamente, expende um propósito acarinhado por certo sector do seu partido, do PS e CDS. Partidos com dirigentes e militantes suspeitos e arguidos em processos conhecidos.
(...)
Parece fluir daquela posição que os desmandos que afligem a justiça se confinam à autonomia do MP, só solucionáveis se este for submetido ao poder político. É consabido que a crise da justiça se deve essencialmente à morosidade processual, que resulta de leis entorpecedoras, confusas e contraditórias do Parlamento e à ausência de meios humanos e operacionais dos tribunais que compete ao Governo fornecer. Legisle-se um processo cível e um penal, limpos dos entraves obsoletos que os adornam, dotem-se os tribunais, as polícias, os laboratórios científicos e os organismos periciais de meios técnicos e humanos de qualidade e a justiça será célere e eficaz. A justiça é ministrada em nome do povo e a todos deve ser aplicada por igual, segundo a Constituição. A supressão da autonomia do MP lesa a igualdade dos cidadãos perante a lei e atinge a independência dos juízes. Com efeito, aquela autonomia consubstancia-se na capacidade dos magistrados poderem desencadear qualquer inquérito apenas limitados pelos princípios da legalidade e da imparcialidade. Jugular esse poder de iniciativa e submetê-lo a autorização política, seja do ministro ou do procurador-geral, é subverter uma justiça igual para todos. Acresce que o juiz, no âmbito penal, apenas julga o que o MP lhe põe sobre a mesa. Estreitada ou suprimida a iniciativa do MP, limita-se o poder de julgamento do juiz, que indirectamente vê prejudicada a raiz da sua independência. São notórios, de há uns anos para cá, os processos contra "intocáveis". Daí que comece a aparecer à luz do dia a vontade dos interessados em suprimi-la. E não estão desacompanhados. Atente-se nas entrevistas de Anna Canepa, procuradora Antimáfia de Itália e de Jessica de Grazia, ex-procuradora nos EUA, para ver que também nestes países a apetência do poder executivo pela governamentalização do MP é uma constante, como meio caminho para a eliminação da independência dos juízes.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Luísa Amaro hoje à noite


Aviso à navegação: acabo de saber que hoje á noite a Luísa Amaro vai ao programa do Júlio Isidro Quarto Crescente, por volta da meia noite na RTP.

A Luísa é uma guitarrista de mão cheia, toca viola clássica e guitarra portuguesa na senda da escola de Carlos Paredes.

A não perder, por quem gosta de guitarradas em especial de dedilhados.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Vai recomeçar a paranóia do futebol


Não basta o Estado gastar milhões do meu dinheiro para apoiar o futebol.
Não bastam os não sei quantos estádios feitos para o Euro-não-sei-quê que ainda hoje estamos a pagar e não serviram para quase nada – e continuam a não servir para quase nada - onde se fazem meia dúzia de jogos de futebol por ano.
Não bastam os atrasados mentais que assolam a TV e mesmo alguma blogosfera comentando futeboladas várias que não interessam nem ao menino Jesus.
Vai começar o Mundial e eu vou ter que gramar toneladas de futebol por todos os lados.
Não vale a pena emigrar – nos outros países, igualmente recheados de atrasados mentais iguais ou piores que os nossos, o fenómeno é igual.
Odeio o futebol.
Abomino o futebol.
Enjoo com o futebol.
Rais parta, se pudesse liquidava o futebol – de preferência com violência e requintes de malvadez - parafraseando Kropotkine, o mundo só terá paz no dia em que o último adepto de futebol for enforcado nas tripas do último comentador televisivo de futebol.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Taxa de esforço

Não me importava nada que toda a gente, ricos, pobres e remediados, fosse taxada forte e feio para que as soluções da crise económica fossem possíveis, credíveis e realistas.
Mas acho que esse sacrifício deve abranger a todos por igual – e quando digo igual, refiro-me a igual mesmo.
Se um imposto de, por hipótese, 100 € anuais representa um esforço para um pobre ou para um remediado, esse esforço é calculável e quantificável, digamos, por facilidade de exposição, que para um cidadão que ganha por mês 1.000 €, esse esforço representa 10% do seu rendimento mensal.
Bastava aplicar a todos a taxa de esforço apurada: a mesma taxa de esforço aplicada a quem tem um rendimento de 5.000 € renderia ao Estado 500 €; se o cidadão em causa ganhasse 20.000 €/mês pagaria 2.000 €, e por aí fora.
Este raciocínio é simplista, mas podia ser sofisticado a ponto de se tornar realista, com factores de ponderação relacionados com o custo de vida, o que à partida iria agravar muitíssimo o imposto a pagar pelos mais ricos, pois a taxa de esforço desce acentuadamente à medida que o rendimento sobre.
Os 10% de imposto do pobre normalmente irão traduzir-se numa taxa de esforço bastante superior a 20%, 30% ou 40% de um imposto sobre os rendimentos dos ricos.
E aí sim, seria alcançada alguma justiça fiscal generalizada.
Resolvia-se o problema financeiro rapidamente, cortava-se a direito.
O problema é que não conheço nenhum político que defenda isto.
Falta alguém que diga preto no branco “os ricos que paguem a crise” !
Assim, os pobres e remediados continuam sempre a pagar a factura máxima, aquilo que para eles é um decréscimo de rendimento dramático não passa de uma contrariedade passageira para os que vivem com mais conforto económico.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Roberta Medina



Ora batatas !


Uma mulher tão bonita, um rosto tão agradável, a cara do Rock in Rio sofreu um acidente e não estará no concerto.


Bolas, a melhor coisinha que estava no Rock in Rio não vai lá estar.


Protesto.


Por acaso não comprei bilhete (fujo dessas concentrações de gente como o diabo da cruz), mas se tivess comprado, exigia o carcanhol de volta.

Roberta, desejo-lhe as melhoras e hic et nunc deixo-lhe um ramo de rosas virtuais.

domingo, 16 de maio de 2010

Feira do Livro de Lisboa

Hoje fui à Feira do Livro.
Sempre com a mão na carteira, numa atitude cautelosa de consumidor avisado, lá calcorreei metade da feira (a outra metade fica para outra investida, não dá para ver tudo numa tarde).
Para além dos inevitáveis livros técnicos (mas calma, não comprei nenhum manual de inglês técnico – acabei o meu curso numa Quinta-Feira e jamais enviei faxes para professores...), lá me deixei tentar por alguns títulos de romance histórico e obras correlativas.
À medida que for lendo esses livros tenciono deixar aqui umas curtas impressões sobre cada um deles.
Sobre a tarde passada na feira: impressionou-me ver cada vez menos gente conhecida.
Dantes quando ia à feira aquilo era um corrupio de caras conhecidas, por vezes de caras demasiadamente conhecidas e nem sempre simpáticas, mas o cômputo geral de encontros era invariavelmente positivo.
Por agora não tiro conclusões sobre esse facto, limito-me a registá-lo.
Como é da praxe, descobri livros a preços muito razoáveis e desencantei até um livro do Ross Leckie que procurava há uns anos (“Cartago”, terceiro livro da trilogia dos Barcas).
Acho que vou voltar ao local do “crime” em dia de semana, para não apanhar aquela enxurrada de gente.
Vale a pena passear por ali sem pressas, sem muita gente e com uns euros para gastar.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

A estupidez do anti-clericalismo

Acho que foi um cineasta francês que disse que a estupidez era muito mais interessante que a inteligência, pois a estupidez não tem limites e a inteligência é finita.
Apesar de conhecer a falta de limites da estupidez, a malta realmente estúpida continua a fazer-me urticária.
Bento XVI veio a Portugal.
Não sou católico, não vou à missa, só frequento igrejas em dias de casamentos de amigos ou de baptizados dos filhos.
Aborrece-me um bocado a “overdose” de programas sobre o Papa e toda a parafernália que o acompanha – tal como me aborrece o excesso de programas sobre futebol ou o excesso de “talk shows” que a nossa TV actualmente apresenta - embora compreenda que vivo num país maioritariamente católico e este é um dos preços a pagar por isso.
Mas atacar o Papa porque é Papa e apoucar os católicos porque se entusiasmam com a vinda do Papa a Portugal é tão barbaramente imbecil, tão infinitamente idiota, que realmente me lembro logo da noção da infinitude da estupidez.
Se no séc. XIX e até meados do séc. XX se justificava o anti-clericalismo – porque a “padralhada” realmente estava maioritariamente ligada ao piorzinho que as sociedades de então tinham – actualmente esse anti-clericalismo já não faz qualquer sentido.
Quando não há bandeiras próprias, arranja-se maneira de criar movimento em reacção contra isto ou contra aquilo: é fácil ser anti alguma coisa mas o difícil é ser pró qualquer coisa e agir consequentemente em prol dessa coisa.
Sinto um profundo desprezo por gente que confunde estas realidades comezinhas, confundindo cultura com religião e opinião com agressão – são, na realidade, infinitamente estúpidos.
Deus me perdoe..., digo eu, que graças a Deus sou ateu.