quarta-feira, 12 de maio de 2010

A estupidez do anti-clericalismo

Acho que foi um cineasta francês que disse que a estupidez era muito mais interessante que a inteligência, pois a estupidez não tem limites e a inteligência é finita.
Apesar de conhecer a falta de limites da estupidez, a malta realmente estúpida continua a fazer-me urticária.
Bento XVI veio a Portugal.
Não sou católico, não vou à missa, só frequento igrejas em dias de casamentos de amigos ou de baptizados dos filhos.
Aborrece-me um bocado a “overdose” de programas sobre o Papa e toda a parafernália que o acompanha – tal como me aborrece o excesso de programas sobre futebol ou o excesso de “talk shows” que a nossa TV actualmente apresenta - embora compreenda que vivo num país maioritariamente católico e este é um dos preços a pagar por isso.
Mas atacar o Papa porque é Papa e apoucar os católicos porque se entusiasmam com a vinda do Papa a Portugal é tão barbaramente imbecil, tão infinitamente idiota, que realmente me lembro logo da noção da infinitude da estupidez.
Se no séc. XIX e até meados do séc. XX se justificava o anti-clericalismo – porque a “padralhada” realmente estava maioritariamente ligada ao piorzinho que as sociedades de então tinham – actualmente esse anti-clericalismo já não faz qualquer sentido.
Quando não há bandeiras próprias, arranja-se maneira de criar movimento em reacção contra isto ou contra aquilo: é fácil ser anti alguma coisa mas o difícil é ser pró qualquer coisa e agir consequentemente em prol dessa coisa.
Sinto um profundo desprezo por gente que confunde estas realidades comezinhas, confundindo cultura com religião e opinião com agressão – são, na realidade, infinitamente estúpidos.
Deus me perdoe..., digo eu, que graças a Deus sou ateu.

3 comentários:

  1. Concordo com quase tudo. Só acho que falta à verdade, quando escreve: "...não vou à missa, só frequento igrejas em dias de casamentos de amigos ou de baptizados dos filhos". Tenho a certeza que também frequenta igrejas em dias de funerais de parentes e amigos.

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  2. Tem toda a razão, caro Funes, tinha-me esquecido dos funerais.

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  3. Julgo que a maioria das pessoas sente forte necessidade de eleger causas para os males pessoais e ódios de estimação. Depois há que alimentá-los para que não definhem e as abandone a elas próprias. Há quem eleja um presidente, outros um primeiro–ministro, outros o Papa. Não alinho nessas batalhas e fujo a sete pés do campo onde ela decorre. Temo não ter estômago para suportar o cheiro sanguinário que por lá se sente.

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