quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Impostos, salários et alia

Para quem ganha 3000 ou 4000 euros, um corte de 10% representa uma diminuição de 300 ou 400 euros de rendimento; é uma contrariedade, deixa de se poder comprar algumas coisas que estavam programadas, dizem-se uns impropérios e a coisa fica por aí.

Para quem ganha 1000 ou 1500 euros, um corte de 5% representa uma “talhada” de 50 a 75 euros por mês, que pode ser dramática, pois 1000 ou 15000 euros de rendimento mensal já está no limite do suportável.

Para quem ganha 15000, 20000 e 30000 euros, como grande parte da classe política, dos gestores e dos “jornalistas” chefes de redacção de jornais, rádios e TVs, um corte de 10% nem se sente, não chega a ser uma contrariedade, é um detalhe.

É bom que se compreenda isto, quando os vemos com ar compungido a defender o aumento de impostos e o corte de salários.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Jornalismo de "serviço"






Manuel António Pina continua a ser um caso de lucidez recorrente no panorama jornalístico.
Eis a sua crónica mais recente no Jornal de Notícias, que se cita com vénia:

Jornalismo de "serviço"

A entrevista "non stop" que, desde que foi condenado, Sua Inocência tem estado ininterruptamente a dar às TVs teve o mais respeitoso e obrigado dos episódios na RTP1, canal que é suposto fazer "serviço público".
Desta vez, o "serviço" foi feito a um antigo colega, facultando-lhe a exposição sem contraditório das partes que lhe convêm (acha ele) do processo Casa Pia e promovendo o grotesco julgamento na praça pública dos juízes que, após 461 sessões, a audição de 920 testemunhas e 32 vítimas e a análise de milhares de documentos e perícias, consideraram provado que ele praticou crimes abjectos, condenando-o à cadeia sem se impressionarem com a gritaria mediática de Suas Barulhências os seus advogados, o constituído e o bastonário.
Tudo embrulhado no jornalismo de regime, inculto e superficial, de Fátima C. Ferreira, agora em versão tu-cá-tu-lá ("Queres fazer-lhe [a uma das vítimas] alguma pergunta, Carlos?"). O "Prós & Contras" só não ficará na História Universal da Infâmia do jornalismo português porque é improvável que alguém, a não ser os responsáveis da RTP, possa chamar jornalismo àquilo.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Prós e Contras - 6/Set/2010

Estava a ver o programa "Prós e Contras" na TV, que neste momento ainda está no ar.
Confesso que depois do intervalo deixei de o ver.
É de vómito.
Marinho Pinto fala do processo Casa Pia com um grande à vontade... para logo a seguir reconhecer que nem o conhece - lindo, um advogado tecer considerações concretas sobre um caso concreto e uma condenação em concreto que nem conhece; espectacular.
O tempo de antena atribuído a um dos arguidos é incrível.
Estou convencido que a maior parte das estações de TV e de comentadores que têm dado todo esse tempo de antena a Carlos Cruz se estão nas tintas para o facto de ele ser culpado ou inocente dos crimes por que foi condenado - estão, sim, e sem dúvida, empenhados seriamente em descredibilizar a justiça.
Este "Prós e Contras" representa a justiça transformada num fait divers ao alcance da coitada da FCFerreira, que além de pouco brilhante (para dizer o mínimo) é de um atrevimento fora de série - costuma dizer-se, não sem razão, que a ignorância é muito atrevida.
Fiz mal em ver esse nojo de programa - vou sentir náuseas durante um tempo indeterminado e nem os sais de frutos me valem.