sábado, 6 de novembro de 2010

Responsabilidade criminal dos políticos

A velha "milonga" de que os políticos são julgados apenas através de eleições é uma treta inventada pelos próprios políticos para se safarem de responsabilidades e basicamente significa que, apesar de todas as trambiqueirices, de todos os negócios escuros, de todas as corrupções, a coisa se resolve com uma eleição: se o político for reeleito, passa-se uma esponja sobre o assunto, porque o povo soberano exarou o seu julgamento absolutório; se o político não for reeleito conclui-se que já sofreu uma punição exemplar do eleitorado e... passa-se uma esponja sobre o assunto.
A esponja funciona em qualquer caso.
Escuso de avançar grandes argumentos para demonstrar que este raciocínio é perverso – prefiro usar um argumento que com os políticos é muito eficaz, o julgamento do povo.
É que hoje em dia começa a ser vulgar entre os cidadãos a ideia de que quem governa mal e por vezes com dolo intenso, prejudicando gravemente o País e os seus concidadãos, deve ser responsabilizado civil e criminalmente, porque invariavelmente se aboletou com uns vastos milhões que pertencem aos cidadãos e porque esse latrocínio que o enriqueceu deve ser castigado do ponto de vista criminal.

Pedro Passos Coelho reflecte essa corrente de opinião dos cidadãos, quando defende a responsabilização civil e criminal dos políticos, e fá-lo sabendo que está respaldado numa intensa corrente da opinião pública.
Todos os políticos o sabem.
Todos ?
Não.
Há um tipo que ficou perplexo: o Vitalino Canas, em cujo crâneo é difícil entrar uma ideia saudável ou normal, o Vitalino ficou perplexo e não se coíbe de o dizer; podia perguntar ao colega do lado, enfim, a qualquer assessor, mas prefere não perguntar e manifestar a sua perplexidade.
E parece que não há uma alma caridosa que lhe explique uma coisa tão simples: quem comete crimes, mesmo sendo político, deve ser punido por isso.
Ainda havemos de ver o Vitalino argumentar expressis verbis que as prisões não se fizeram para políticos, porque essa é a lógica do sistema democrático; no dia seguinte defenderá o contrário pela mesmíssima razão.
Este inefável Vitalino, com todos os outros Vitalinos e Vitalinhos, constitui o sal da terra.

2 comentários:

  1. Creio que só se compreenderia a falta de responsabilização se não existisse responsabilidade - tributária e criminal - pelo não pagamento dos impostos. Se assim não fosse, teríamos, por um lado, o contribuinte faltoso a ser responsabilizado, e, por outro lado, o político que gastou mal o dinheiro dos impostos (tão mal que melhor seria se nunca dele tivesse disposto) sem qualquer responsabilidade. Acho que o "pacto social" entre governantes e governados seria, nesse caso, leonino.

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