quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Barbárie blogosférica

Sobre o que é a blogosfera e que tipo de comunicação ela veicula, já se escreveram e estão a escrever teses de mestrado e doutoramento.

Creio que é que é necessário situar essa realidade no contexto.

E o contexto é o seguinte:

Há 10 anos não existia a blogosfera, existia a Web e o e-mail, que eram manobrados por protagonistas mais ou menos conhecedores, entusiastas e de boa fé.

Entretanto o número de pessoas ligadas à net cresceu exponencialmente e hoje há uma imensa multidão de internautas que são quase totalmente analfabetos em termos de net: não conhecem os perigos mais evidentes (vírus, intrusão, furto de identidade digital) e não têm a menor noção da “nettiquette” (aliás a própria “nettiquette” tem sofrido grandes evoluções, a meu ver, para pior, em função da massificação dos internautas analfabetos).

Entretanto apareceu a blogosfera.

Repare-se que nos primeiros anos para se fazer uma página na net era preciso saber fazer programação em “html”, o que restringia muito o número de protagonistas.

Com as ferramentas informáticas entretanto aparecidas, que tornaram numa operação facílima a conversão de textos para hipertextos (Word, Frontpage) e principalmente com o desenvolvimento da blogosfera, passou a ser possível a qualquer pessoa com um equipamento mínimo e quase sem conhecimentos especiais tornar-se protagonista principal.

A aldeia global, que era razoavelmente equilibrada e auto-regulada, passou a ser devassada por imensas hordas de cavernícolas.

Com o anonimato tido por coisa normal e até louvável, passou a chover peçonha e lixo por todos os lados.

Os últimos 5 anos foram assustadores: é raro apanhar uma página na net que não contenha umas quantas imbecilidades – contras as quais não há nada a fazer, pois derivam do baixo nível generalizado dos internautas e esse nível só poderá subir com poderosas alavancas culturais generalizadas.

Nada disso acontece por enquanto.

Creio que estamos numa fase de completa barbárie na Internet, mas essa barbárie poderá ser o princípio de qualquer coisa melhor.

3 comentários:

  1. Excelente esta reflexão. Contudo,o Sr. na blogosfera pode escolher aquilo que lê ou vê. Pior é quando um canal público de televisão despeja programas sem qualidade e as pessoas vão engolindo,pois muitas destas não têm outra alternativa!
    Eu sou optimista. A informação e o uso da mesma está ao alcance de todos e isso é muito bom, mesmo com alguns incómodos!!

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  2. digo alguma(apenas) utilidade

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  3. Caro(a) Cheiro a Jasmim,
    Está a dar ao meu post uma abrangência que ele não tem.
    Ainda não caracterizei os blogs – isso seria trabalho bem pesado e bem complicado, e eu tenho pouco tempo e seguramente nenhum engenho para tanto.
    Apenas estou a reflectir em voz alta, dizendo aquilo que me parece, ainda que algo “por alto” - e nessa medida, concordo, por vezes algo superficial.
    Vou tentar dizer algo de útil sobre as suas objecções em posts autónomos.

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