segunda-feira, 2 de março de 2009

Copianço

O meu amigo Coutinho Ribeiro escreveu aqui uma divertida história sobre um dia que copiou num exame e foi apanhado.
Lembrei-me da minha nunca suficientemente digerida história com a bela Cecília, minha colega do 7º ano, nos finais dos anos sessenta.
Cá vai:
A Cecília era gira, o suficiente para me fazer magicar formas de aproximação mais ou menos interesseiras; acho que estava numa alínea diferente da minha, mas tínhamos algumas cadeiras comuns e o Latim era uma delas.
Constava que ela era uma barra – e eu era um nabo de primeiríssima categoria, fazia traduções e retroversões inenarráveis de textos do Virgílio e do Ovídio (cheguei a fazer uma tradução da Guerra de Tróia como sendo um... casamento – mas nem vou falar desses despautérios, senão nunca mais saímos daqui).
Chegou o dia do exame e lá fui.
Qual não é meu espanto e agrado quando descubro que a boa da Cecília tinha calhado mesmo ao meu lado – aproveitando e abusando, copiei que nem um leão pelo ponto da moça, que foi impec e me deixou copiar à vontade; a certa altura, com um sorriso aberto e apontando para os meus pés sussurou-me em jeito de pergunta: “isso é contestação ?”
Intrigado, olhei para os meus pés... e descubro que tenho uma peúga azul e outra roxa a atirar para o rosa choque !
Claro que eu é que fiquei chocado.
Caiu-me a alma aos pés – tinha-me levantado muito cedo e na semi-obscuridade do meu quarto (não abria a luz para não incomodar os meus dois irmãos), enfiei uma peúga de cada nação e nesses tristes preparos venho a ser descoberto pela bela Cecília !
Nunca mais pude olhar para ela, não sei se por vergonha, se por ela me lembrar sempre uma peúga.
Bom, mas a história acaba bem: tive 16 na cadeira e dispensei da oral.
Por causa desta história semi-macabra, nunca gostei do “Cecilia” do Paul Simon, saído mais ou menos por essa época, salvo erro no álbum “Bridge Over Troubled Water”.
Quanto à Cecília propriamente dita, nunca mais a vi.

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