segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Lobo Antunes – o rei vai nu, ó escândalo !

Ontem pus-me a ler um dos últimos livros de Lobo Antunes – “Ontem não te vi em Babilónia”.
Li, reli e tresli logo nas primeiras páginas.
Voltei a reler e a tresler.
Até chegar à conclusão inexorável, esmagadora, acabrunhante: isto é uma boa merda !
Estou espantado com a minha ousadia, mas não posso negar a minha impressão, apesar de ir contra toda a “comunis opinio”: na minha opinião de leitor impenitente e de devorador de livros, a “Babilónia” está mal escrita, faltam-lhe termos essenciais para a compreensão das frases, não tem pontuação (mas isso já foi feito por Saramago, com bastante mais sucesso), sucedem-se frases ininteligíveis umas atrás das outras.
Bom Deus, que devo eu fazer ?
A escrita deste livro de Lobo Antunes é tão arrevesada que me consegue reconciliar com Saramago, de quem estou a ler com gosto e proveito “As pequenas memórias”.
Isto é um escândalo e eu sou um atrevido, mas não consigo tirar da ideia de que Lobo Antunes resolveu escrever uma trampa qualquer só para gozar com o pagode e rebolar-se de íntima galhofa ao ver uma coisa daquelas, escrita na gozação, a ser incensada pelos críticos e pelo público pedante que não percebe pevas mas finge que percebe.
Confesso que tenho uma alma simples e pouco letrada – assumindo-me como o básico dos básicos, solto aqui o grito de alma que o livro me provoca: porra, o rei vai nu, ninguém percebeu ?

2 comentários:

  1. “porque aquilo que escrevo pode ler-se no escuro”. (ALA)

    ALA tem uma escrita de desafio permanente ao nosso equilíbrio. Ouso dizer que é quase necessário mergulhar na nossa desordem para entendermos a desordem das histórias que nos conta. Neste livro associam-se a insónia, o sonho acordado à beira do abismo, as cicatrizes interiores ( as lápides internas, que são a porta para a alucinação) e o delírio exposto no silêncio das falas. É um livro que nos exige um estado quase demencial para acompanharmos o seu fio condutor. Ao lê-lo não senti o prazer da leitura, confesso. E, ainda que faça apelo ao nosso lado mais oculto, um livro deve oferecer sempre um caminho de prazer ou... não faz parte do nosso percurso. Não gostei deste livro do ALA! Parece mesmo que ele não queria que gostassemos!

    Quanto a Saramago... entramos num universo completamente diferente. Sou uma leitora compulsiva de Saramago :)

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  2. Ainda não li o Lobo Antunes. Em dezembro estive no Porto e entrei na livraria Lello, pensava comprar esse livro, mas finalmente me decidi por outros de poesia e "As pequenas memórias" de Saramago que li com muito prazer. Disseram-me que é um bocado difícil, para o meu nível de portugués, mas ele escreve crónicas no jornal "El País" e gosto delas. Espero melhorar o meu nível de português e tentar ler alguma coisa dele.

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