quinta-feira, 1 de março de 2007

Contos Estelares - V


Capítulo II – Viagem pelo éter infinito

Neves olhou para a maquinaria da cabine que a rodeava e pensou como se enganara.
Estivera convencida de que o longo período de solidão que tinha começado iria ser entediante e chato, quando, pelo contrário, estava sempre a ser solicitada para as mais diversas tarefas.
Naquele momento acendeu-se a luz do robot Explorador, indicando mais uma vez que havia à frente um sistema solar possivelmente habitável; já era a 5ª vez que isso acontecia, nas restantes quatro vezes verificou-se rapidamente que era alarme falso.
Neves saltou e foi examinar o visor, onde já se estava outra vez a formar a mensagem “Demasiada radiação – impossível a vida humana”
Mais um falso alarme !
O grupo de naves há muito que tinha ultrapassado Alfa do Centauro, que estava a cerca de 4,2 anos-luz da antiga Terra – todos os planetas antes prometedores tinham sido contaminados pela implosão do sol terrestre, pelo que agora só havia uma coisa a fazer, tal como previamente combinado com os restantes: manter a formação de naves e seguir em direcção da nebulosa de Andrómeda onde a estrela Alfa de Andrómeda tinha à sua volta planetas prometedores; esta estrela estava a 97 anos-luz da antiga Terra e havia poucas possibilidades de a radiação libertada pela implosão do sol a ter afectado; ela e a sua gémea eram cerca de 200 vezes mais brilhantes que o sol e no seu núcleo registavam-se temperaturas da ordem dos 13.000 graus Kelvin.

97 anos-luz !
E as naves só podiam avançar à velocidade da luz, pois algumas delas não ultrapassavam tal velocidade – se queriam seguir juntos, os astronautas teriam que adoptar a velocidade dessas naves.
Neves ponderou o que deveria fazer.
Os outros astronautas estavam em hibernação, com os processos de envelhecimento praticamente parados; daí a 97 anos estariam mais ou menos na mesma.
Mas Neves estaria com mais de 120 anos e mesmo com as técnicas mais modernas de retardamento do envelhecimento estaria uma idosa muito mirradinha por essa época.
Lembrou-se a despropósito de uma frase do “Corsário Negro” de Emílio Salgari, que tinha lido na adolescência: “como resolver dilema tão atroz ?”
Mierda, mierda, pensou, estou metida numa embrulhada dos demónios.
Não, aquilo não podia ser assim, alguma coisa estava a falhar de certeza.
Neves introduziu os dados num computador portátil e esperou os resultados durante um bom bocado.
Finalmente apareceram: “Secção 3-C do Manual de Bordo, Capítulo 32, Versículo 10”.
Clicou no link respectivo e apareceu a regra do manual: “A nenhum membro da tripulação é lícito tomar decisões isoladamente que impliquem um período de tempo de adormecimento dos restantes superior a 10 anos; nessa eventualidade o tripulante deve acordar um adormecido qualificado e aconselhar-se com ele sobre a decisão a tomar; se as opiniões dos dois não forem idênticas ou razoavelmente semelhantes, deverão acordar um terceiro membro da tripulação, que desempatará”.
Bale !, suspirou Neves com alívio.
Decidiu acordar Cleópatra.

(continua)


5 comentários:

  1. Uffffffffffffffffff
    1º Maravilha de música.
    Adoro esta música
    Ouvi anos a fio
    Oiço anos a fio se fôr preciso.
    Estou apaixonada por esta música...
    Bem, não é que tenha que ver muito com os meus 20 anos de casada... não tem mesmo...
    Mas é linda...LInda! LINDA!!!
    Ando há "bué" Há procura dela para a colocar lá na minha moon mas o you tub não tem.

    2ºVão-me acordar a mim??
    Um adormecido qualificado?!
    E vamos formar colectivo com quem?
    Isto está a ficar muito interessante


    Cremes? Produtos de beleza?
    Sei de alguns sim. Feitos com produtos nunca imaginados mas naturais...
    Bem.... dou umas dicas...
    O sorriso, ...o amor,....uma pitadinha de ironia, uma pitadinha de mau humor, e muita muita, muita alegria... Algumas lágrimas... deixam os olhos muito brilhantes e a alma lavada...
    Bem , depois ensino mais
    Não se pode dizer tudo!

    4º Mas, o que eu quero saber agora é , com quem vou formar colectivo para decidir a questão.

    E apetece-me deitar a lingua de fora ao Rodrigo leão, digo, ao cem anos.
    Bem feito!
    Todos sabiam que ele não é pimba menos Vexa!!!

    Outra coisa, com esta música não me acordem... deixem-me ficar só mais um bocadinho!

    Cada vez gosto mais desta história.

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  2. Robô amigo,
    O Cem está contigo
    Obrigado pela apresentação
    Com o Rodrigo Leão

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  3. É difícil encontrar coisas de Patxi Andion. Há muitos anos que eu não sabia nada de ele. Nos anos setenta foi muito conhecido em Espanha, pelas canções, pelos filmes que fez e porque ele foi casado com a mulher mais bela da Espanha nessa altura: Amparo Muñoz, miss mundo. Espreitei na internet e descobrí que agora ele é professor da universidade de Castilla-la Mancha. A minha favorita era "Samaritana". o Cem fez que me lembrasse da minha adolescência. Gostava também de Serrat, de Luis Eduardo Aute, de Paco Ibáñez, de Luis Pastor (que fez há pouco tempo um Cd com poemas de Saramago), e de Pablo Guerrero, entre os cantautores dos setenta.
    Com certeza que se perguntar, muitas pessoas não se lembram de Patxi Andion, como pode um português lembrar-se dele. Este Cem anos é uma caixa de surpresas!

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  4. Como que gosta de música, uma visita aqui não deve ser tempo desperdiçado.
    http://www.youtube.com/watch?v=HEZrB_FDw4c

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  5. He, he, Neves, sabes lá as surpresas que te reservo, ainda faço de ti Almirante Geral da Frota Galáctica, se te portares como uma "Chefa" à altura das complicadíssimas situações em que te verás envolvida na viagem estelar.
    Anónimo, a sua lembrança merece um abraço forte - estou a ouvi-los aos 3 guitarristas a tocarem como deuses o Mediterranean, bolas que até chateia ver a forma como eles tratam as violas por "tu".

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